domingo, 6 de outubro de 2024

A ilusão e a realidade da vida de digital influencer

Um estudo recente revela que o Brasil é o país dos influenciadores e que existem cerca 500.000 ao menos 10.000 seguidores nas diversas plataformas digitais.

É fácil notar o crescimento avassalador das mídias sociais na atualidade e com elas, o crescimento também de produtores de conteúdo específico para essas redes, os chamados influenciadores digitais.

Um estudo recente revela que o Brasil é o país dos influenciadores e que existem cerca 500.000 ao menos 10.000 seguidores nas diversas plataformas digitais. Esses números só têm a crescer quando levadas em conta pessoas que ganham popularidade na internet diariamente, seja por um meme, uma fala marcante, ou até política. E claro, os inegáveis benefícios que se pode conquistar quando se é “visto” pela mídia também estimulam esse crescimento.

Hoje em dia é possível identificar um número ainda mais extenso de criadores de conteúdo para a internet, tendo até a presença de crianças nesse meio.

A maranhense, comediante e influenciadora digital conhecida por Alyne Bagaceiras comenta que a motivação veio em ajudar a família, que na época estava passando por um período de luto do irmão, um dos provedores da casa.

Atualmente, Alyne tem mais de 4.3 milhões de seguidores na rede social tiktok e não recebe nada pelas plataformas em que produz conteúdo além de visibilidade, a influencer é favorecida com convites para viagens, shows e presentes de algumas lojas, e pessoas que acompanham seu trabalho.

Uma pesquisa realizada pela Inflr apontou que 75% dos jovens brasileiros querem ser influencers e a maioria deles consideram a questão financeira a principal motivação. Já um outro levantando afirma que 23% dos influencers brasileiros não recebem pelo trabalho nas redes e ganham no máximo alguns brindes de marcas.

Para Welyson, que um dia foi influenciador digital e chegou a ter mais de 70 mil seguidores no Instagram, a pressão de produzir conteúdo para a internet se tornou massiva, afetando até a saúde mental dele. O jovem produzia conteúdo sobre moda e beleza, e chegava a receber brindes de algumas marcas de roupa e restaurantes.

“Eu sempre quis fazer parte desse meio, achava a melhor coisa do mundo e tinha uma visão muito superficial de como era viver essa vida. As pessoas acham que as coisas relacionadas as redes sociais são “fáceis” e eu também achei no começo, até que a vida me deu um grande tapa na cara”, acrescenta o jovem.

Tanto Alyne quanto Welyson preferem não se envolver em questões polemicas ou políticas, pois seguem o direcionamento dos seus respectivos nichos que são comédia e beleza. Mas não só no Maranhão como no Brasil inteiro, há quem tome proveito da fama para propagar informações absurdas e corromper a grande quantidade de pessoas que os acompanham.

O alcance gerado por essas pessoas faz com que elas possam determinar o que seus seguidores irão consumir, tendo a capacidade de influenciar diretamente nas opiniões e até na visão de mundo daqueles que os acompanham.

Mesmo com as infinitas oportunidades que a internet pode oferecer, é preciso ficar atento com o poder de influência e persuasão, e como usar essa ferramenta que é tão precisa atualmente.

Sobre a questão, o escritor italiano Umberto Eco comenta “As mídias sociais deram o direito à fala a legiões de imbecis que, anteriormente, falavam só no bar, depois de uma taça de vinho, sem causar dano à coletividade. Diziam imediatamente a eles para calar a boca, enquanto agora eles têm o mesmo direito à fala que um ganhador do Prêmio Nobel. O drama da internet é que ela promoveu o idiota da aldeia a portador da verdade”.

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