quinta-feira, 28 de março de 2024

Alcântara: patrimônio em ruínas na cidade do futuro

O prédio "Cavalod e Troia" fica no centro, numa das ruas principais de Alcântara

 A situação de arruinamento do patrimônio histórico e artístico de Alcântara é preocupante e está sendo denunciada pelo Conselho de Turismo à Promotoria de Justiça do Município. O risco de desabamento de vários prédios históricos é uma ameaça não apenas para a memória da cidade, mas está colocando em risco a própria vida da população e de turistas.

O Ministério Público notificou o IPHAN no começo de semana, que pediu um prazo de 30 dias úteis para se manifestar. Mas, em alguns casos, a situação exige providências imediatas já que a previsão das chuvas de abril pode agravar ainda mais o estado de prédios como o Cavalo de Tróia, que já perdeu toda sua varanda com vista para o mar. Outro caso preocupante é o de um dos Palácios do Imperador, em frente ao Largo do Carmo, que é um dos atrativos mais visitados pelos turistas e está com várias colunas comprometidas.

A lista denunciada pelo Conselho de Turismo relaciona quase duas dezenas de situações envolvendo casarões e monumentos seculares, tombados pelo Patrimônio Nacional desde 1948. Alguns deles são de propriedade particular e há anos estão abandonados, como o prédio em ruínas ao lado da Casa da Cultura e outro na Rua Grande, esquina com a Praça do Galo, que pertence ao empresário francês Bernad  Vassas, e cujo telhado já veio abaixo. Na lista também foi incluída a situação do Sítio Nazaré, um conjunto de ruínas do que foi o primeiro porto de escravos de Alcântara e até do cemitério da cidade, cujo roubo de peças históricas já virou até lenda e tem  perturbado a paz de vivos e mortos.

E tudo isso acontecendo enquanto Alcântara vem sendo cogitada para se transformar na Cidade do Futuro, que abrigará  modernas empresas de tecnologia espacial, com a criação do CEA ( Centro Aeroespacial de Alcântara), a partir da expansão do CLA (Centro de Lançamentos Alcântara).

Também na Ilha do Cajual, interior do município, aguarda-se apenas a conclusão do licenciamento a construção de um mega porto, que movimentará milhões de toneladas de cargas do lucrativo mercado do agronegócio. E justamente nessa virada de ciclos, a população da  Cidade-Monumento a ver navios e assistindo estarrecida ao abandono e descaso com sua identidade e memória.

Palácio do Imperador se desintegrando
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