Os helicópteros que cortavam o céu de Brumadinho (MG) na tarde dessa segunda-feira (28) não estavam ocupados apenas em apoiar a retirada de corpos dos escombros e da lama, ou encontrar sobreviventes em meio à destruição. Ao menos uma das aeronaves tinha a missão de executar, com tiros, animais ilhados, presos na lama ou feridos.
Eram 14h37. Um helicóptero da Polícia Rodoviária Federal (PRF) fazia voos rasantes em uma área devastada do Córrego do Feijão, numa região isolada e mais próxima da barragem de rejeitos. Um agente armado com fuzil mirava, de dentro do helicóptero, locais onde enxergava animais na lama. E disparava.
Do meio da mata, o jornal O Estado de S. Paulo acompanhou a movimentação da aeronave. Foram mais de 20 disparos, até o que o helicóptero partiu. O sacrifício dos animais ocorreu numa área próxima do local onde mais de 20 brigadistas tentavam abrir um ônibus coberto pela lama, com vítimas dentro. Há muitos bois ilhados ao longo de todo o trecho da cidade que foi varrido pelo barro. Outros estão com parte do corpo presos na lama.
No domingo (27), duas vacas viraram destaque. Uma delas foi sacrificada com uma injeção letal por estar exausta e a outra não foi resgatada, mas recebe cuidados no local, de acordo com o UOL. O caso desses dois animais gerou discussão entre ativistas, policiais militares e funcionários da mineradora, pois os policiais não queriam autorizar o salvamento dos animais por medidas de segurança.
Sacrifício
A decisão de executar os animais foi confirmada à reportagem pelo chefe da Defesa Civil de Minas, coronel Evandro Geraldo Borges. “O que vamos fazer? Deixar o animal sofrendo? Estamos sim, com equipe em campo executando esse trabalho, mas essa decisão só é tomada nos casos em que não há outra opção.”
Outra parte da equipe, disse o coronel, está empenhada em socorrer animais “em condições de serem retirados” da lama. Mas em muitas situações, declarou, só resta o tiro de misericórdia. “Não tem jeito. Tem animal preso, outro com perna quebrada. Temos de fazer escolhas, de retirar as pessoas, ir atrás de sobreviventes. Tudo que está sendo feito foi pensado. É isso.”
Próximo da equipe de brigadistas que tenta abrir o ônibus tomado pelo barro, um boi cansado, sobrevivente da tragédia, foi batizado de Resistente pelos agentes. Um helicóptero se aproxima da área onde Resistente está. Não veio executá-lo, mas carregar o primeiro corpo de uma vítima que os agentes conseguiram retirar do ônibus.
Durante as oito horas em que o Estado acompanhou a operação, Resistente chegou na receber um pouco de feno e água. Nesta terça-feira, 29, disseram os brigadistas, o boi deverá ser sedado, para que seja retirado dali. Com vida. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Protetores de animais criticam a ação
Várias ongs de proteção animal estão repudiando a ação. Segundo a ativista Luisa Mell, a mineradora Vale deveria montar uma equipe para ajudar o trabalho de veterinários que se dispuseram a ir resgatar os animais atolados. Segundo a ativista é obrigação da mineradora fazer esse resgate. Luisa Mell ainda afirmou que essa forma de sacrifício é cruel. “Se esse for o único jeito, existem outras maneiras de sacrificar, não atirando nos animais”, disse a ativista.
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Por Isto é