Mais uma morte causada por leishmaniose visceral foi registrada em São Luís, na última quinta-feira (29). Desta vez, a vítima da doença foi o funcionário da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Manoel Soares Lopes. Ele estava internado no Hospital do Servidor Público, desde o dia 28 de setembro.
Ao todo oito pessoas morreram após serem diagnosticadas com a doença este ano no Maranhão. Esse número é quatro vezes maior do que o número de mortes registrados no ano passado (quando duas pessoas morreram).
De janeiro a agosto deste ano, 37 pessoas foram diagnosticadas com a doença popularmente conhecida como calazar no estado. Um dos fatores que dificulta o controle da doença em São Luís é que o Centro de Controle de Zoonozes está desativado. No ano passado, foram registrados 31 casos da doença.
Em nota, a prefeitura de São Luís informou que já foi alugado um novo prédio, onde será instalada toda a estrutura para o pleno funcionamento da Unidade de Vigilância em Zoonoses (UVZ). A perspectiva é que as atividades sejam totalmente retomadas durante o mês de novembro próximo. A Semus comunica também que formou um grupo de trabalho com técnicos da Secretaria e entidades de defesa dos animais para discutir ações conjuntas que possam ser implementadas na capital maranhense.
SOBRE A DOENÇA
A Leishmaniose Visceral ou calazar é uma doença transmitida pelo mosquito-palha ou birigui (Lutzomyia longipalpis) que, ao picar, introduz na circulação do hospedeiro o protozoário Leishmania chagasi. Ela é uma doença sistêmica, caracterizada por febre de longa duração, perda de peso, astenia, adinamia e anemia, entre outras manifestações. Quando não tratada, pode evoluir para óbito em mais de 90% dos casos.
O diagnóstico precoce é fundamental para evitar complicações que podem pôr em risco a vida do paciente. Além dos sinais clínicos, existem exames laboratoriais para confirmar o diagnóstico. Entre eles destacam-se os testes sorológicos (Elisa e reação de imunofluorescência), e de punção da medula óssea para detectar a presença do parasita e de anticorpos. É de extrema importância estabelecer o diagnóstico diferencial, porque os sintomas da leishmaniose visceral são muito parecidos com os da malária, esquistossomose, Doença de Chagas, febre tifoide, etc.
Ainda não foi desenvolvida uma vacina contra a leishmaniose visceral, que pode ser curada nos homens, mas não nos animais. Os antimoniais pentavalentes, por via endovenosa, são as drogas mais indicadas para o tratamento da leishmaniose, apesar dos efeitos colaterais adversos.
Em segundo lugar está a anfotericina B, cujo inconveniente maior é o alto preço do medicamento. Uma nova droga, a miltefosina, por via oral, tem-se mostrado eficaz no tratamento dessa moléstia. A regressão dos sintomas é sinal de que a doença foi pelo menos controlada, uma vez que pode recidivar até seis meses depois de terminado o tratamento.