“Dezasseis de junho de 1914…” Escreveu a datilógrafa”… O senhor Bloom saiu a rua depois de comer, defecar, alimentar a gata e a mulher, Moly… Ao mesmo tempo que Stephen vai a escola receber seu mísero salário; de quebra tem que pegar o artigo sobre febre aftosa do diretor da escola, e, talvez, conseguir a publicação junto ao Bloom… Ele volta a Martelo Tower, é atacado por um cachorro, e na vida real, Gogarty caiu de bala nas panelas que ficam sobre a cama de Joyce… Assustado, ele saiu no meio da madrugada, abandonando o local… Mas lá no Ulisses, ele apenas suporta a lenga-lenga de Buck Mulingan… Introibe ad altare dei…
A morte cobra seu preço todos os dias… “Pobre Dignan” O senhor Dedalus ainda comenta sobre o suicídio de alguém… é acotovelado por que falou o que não devia… Dividindo o mesmo carro, estava o senhor Bloom, cujo pai se matou…
O sabonete no bolso da calça incomoda… Ah, as ruas de Dublin, que provavelmente nunca vou conhecer, as ruas nas quais nunca amargarei um porre bem tomado… A praia onde Boom se masturba olhando a mocinha (Gert, se não me engano, ou esse seria o nome da mocinha que inspirou Joyce, a criar o personagem e, provavelmente a se masturbar também… Ele, que era um indecente!) … Nunca vou ver essa praia… Nunca vou ver os campos da Irlanda que um dia cobertos de neve ofereceram uma das mais belas narrativas do mundo em The dead; narrativa de um jovem escritor…
“Eu sempre serei um tolo”, disse a minha amiga, ela que deve me achar de fato um tolo, por que sou, um tolo que nunca foi a Irlanda, que nunca tomou uma Guiness no O’Mayles…
O sabonete que o senhor Bloom comprou pra amante incomodava no bolso da calça… Naquele tempo eles tinham certa vergonha em comprar um presente pra amante, mas não tinham vergonha de ter amantes…
Tap!
O afinador de pianos…
Quantos taps Claudio Terças?
Bronze e ouro!!! Uma ruiva e uma loira… No restaurante… Onde o cego ia afinar o piano…
Dizem que o senhor Bloom foi inspirado num judeu amigo distante do pai de Joyce que um dia o socorreu; Joyce havia levado uma surra (assim como o senhor Bloom socorre Stephen…)
Eu nunca fui, e provavelmente nunca vá à Irlanda, mas eu li Ulisses, eu li Joyce e isso é tão lindo quanto ir a Dublin… Um dia eu gostaria de ir a Zurich e jogar uma taça de vinho branco no túmulo de Joyce; um dia eu gostaria de brindar com Joyce e falar sobre o sentido e a falta de sentido… Queria dizer a ele que eu sei aquelas coisas de Nora, aquelas que poucos sabem…
Tudo por que hoje é 16 de junho, mais um dezesseis de junho; mais de um século do Bloomsday…
Quantos aqui (provavelmente nenhum), que tenham chegado nesse ponto da leitura estão se perguntando que porra é Bloomsday, que merda tem o dia 16 de junho…?
Não tem nada… Esqueçam… Desculpem… vão lá, ouvir Michel Teló, o tchu, o tcha…
“A juventude tem um fim: o fim está aqui. Jamais será. Bem o sabe. Que fazer, então?”
Write it, damn you, write it! What else are you good for?
Deixem-me em paz.