terça-feira, 23 de abril de 2024

Alinhado ideologicamente aos EUA

O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, e o presidente dos EUA, Donald Trump, durante uma entrevista coletiva no Rose Garden da Casa Branca, em Washington (EUA). (Foto: Isac Nóbrega/Agência Brasil)

Jair Bolsonaro (PSL) volta dos Estados Unidos com a sensação de dever cumprido entre seus pares. Em uma viagem que teve caráter mais simbólico do que prático, no sentido de demonstrar alinhamento ideológico com a política norte-americana, o que vem sendo chamado de subserviência pela oposição, o presidente brasileiro tem como “grande trunfo”, na sua interpretação, o acordo feito pelo governo federal que permitirá aos ianques lançarem satélites na Base de Alcântara.

Mas em 2000, os então presidentes, Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Bill Clinton, assinaram o Acordo de Salvaguardas Tecnológicas, permitindo o uso comercial da base de Alcântara, no Maranhão, para o lançamento de satélites, mísseis e foguetes americanos. O texto, no entanto, foi rejeitado pelo Congresso em 2001, e Bolsonaro, que na época era deputado federal, votou contra acordo semelhante.

Em 31 de outubro daquele ano, a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara analisou um relatório do deputado Waldir Pires. O texto defendia a aprovação de um entendimento entre os dois países para uso da base. Bolsonaro foi o único parlamentar a se posicionar contra o acordo. “Louvo a competência do Deputado Waldir Pires, mas por outras razões que, no momento, preservo-me de citar, voto contrariamente ao projeto”, disse, na ocasião.

Um mês antes Bolsonaro também havia criticado a ideia em discurso realizado no plenário da Casa. “O senhor Geraldo Quintão [ministro da Defesa na época] sustentou o tempo todo a posição, própria do seu governo e do governo americano, de que deveríamos abrir mão de parte da nossa soberania para ganharmos alguns milhões de dólares por ano, não alugando o Centro de Lançamento de Alcântara, mas, na verdade, alienando-o.” Ao finalizar, citou uma frase do ex-presidente americano George Washington: “Não pode haver maior erro do que esperar favores reais de uma nação a outra.”

Procurada, a assessoria de Bolsonaro informou que o presidente não comentaria os fatos.

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