quinta-feira, 25 de abril de 2024

Consumo da família congela pelo quarto mês consecutivo em São Luís

A Intenção de Consumo das Famílias de São Luís (ICF) manteve a trajetória de arrefecimento em agosto, com retração mensal de -0,8%. O resultado representa o quarto recuo consecutivo na predisposição das famílias ludovicenses em ir às compras. Com isso, o indicador medido pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Maranhão (Fecomércio-MA) marcou 77,1 pontos, demonstrando uma estagnação do consumo ainda distante da zona de otimismo situada aos 100 pontos.

Apesar da tendência de desaceleração no ritmo de consumo dos últimos meses, a recuperação registrada no segundo semestre do ano passado e nos quatro primeiros meses de 2022 é responsável por manter um cenário mais favorável do que no mesmo período do ano passado. Em agosto de 2021, o indicador registrava 63,8 pontos, demonstrando que houve uma melhora substancial de +20,8% na confiança dos consumidores na comparação anual, decorrente do descolamento dos efeitos causados pelas medidas restritivas no período de pandemia.

Na ICF de agosto, três variáveis destacaram-se negativamente e puxaram o índice para baixo em relação a julho. A avaliação que os consumidores fazem sobre as perspectivas futuras de consumo (-3,2%), momento para compras a prazo (-2,6%) e nível de renda atual (-1,6%) registraram os maiores recuos na passagem mensal.

“O aumento do pessimismo sobre as perspectivas futuras de consumo pode estar ligado às incertezas do cenário eleitoral, tanto em nível estadual quanto nacional, na medida em que os resultados das urnas devem influenciar no futuro da política econômica e, consequentemente, no poder de compra das famílias. Desse modo, o consumidor tende a frear suas expectativas com o futuro da própria renda familiar e da capacidade de consumo no curto prazo”, avalia o presidente da Fecomércio-MA, Maurício Feijó.

Acesso ao Crédito

A avaliação que os consumidores fazem sobre o momento para a utilização do crédito em compras a prazo segue em deterioração, reflexo da política de aumento dos juros para estancar a inflação.

Com a taxa básica de juros da economia (Selic) em 13,75% ao ano, o mercado de crédito mantém as taxas ao consumidor em níveis bastante elevados, a exemplo da média dos juros no rotativo do cartão de crédito, que chegam a 370% ao ano. Nesse sentido, as famílias observam com bastante cautela a necessidade de financiar o seu consumo e ampliar o nível atual de endividamento.

Avaliação da Renda Atual

Sobre o nível de renda atual, terceiro subcomponente que apresentou desaceleração em agosto, a leitura de cenário feita pelo consumidor não foi otimista neste mês, o que tirou o indicador da zona de satisfação (100 pontos), após cinco meses consecutivos de avaliações otimistas sobre a sua própria renda.

Com 98,6 pontos, o indicador revelou que a queda da inflação (IPCA), puxada pela redução dos preços dos combustíveis, não foi suficiente para alterar a avaliação dos consumidores sobre sua capacidade de renda. Com os segmentos como habitação e alimentação ainda com tendência de alta nos preços, o custo de vida das famílias segue pressionando e limitando o poder de compra dos consumidores.

Como um reflexo da alta dos preços sentida pelas famílias de São Luís, a ICF mostra que seis dos sete subcomponentes quem formam o indicador de intenção de consumo seguem na zona de insatisfação em agosto. Neste mês, a exceção positiva na avaliação do consumidor foi a perspectiva de melhora profissional no curto prazo, que marcou 112,2 pontos.

“A expectativa de aquecimento do mercado de trabalho, especialmente para o comércio no último trimestre do ano, mantém o otimismo dos consumidores em relação às perspectivas profissionais. Isto pode aumentar a confiança no consumo nos próximos meses, com a consolidação do mercado de trabalho e elevação da renda das famílias, revertendo a tendência de estagnação na predisposição de ir às compras, registrada nos últimos meses”, finaliza, Feijó.

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