Para quem o coração dispara sob os estalidos do cinemascope de Sérgio Leone, ao som de Morricone. Para quem riu com Nelson e suas sombras de chuteiras imortais. Para quem se arrepia com o segundo movimento da Quinta e pra quem engasga de rir com a inscrição da entrada do Inferno de Dante ou do início do retrato porque “era uma vez, mas uma vez muito boa mesmo…”.
E um filme, simples, brasileiro, “O Príncipe”, do Hugo Georgeti, quando aquela magistral interpretação de Otávio Augusto anuncia: “Agora é tudo colunismo social!” e faz tempo já. Foi antes dos influenciadores digitais.
Vamos, brincando nos campos do senhor, saber por quem os sinos dobram. Por Dines, pelos que ficaram (quantos?). É tudo intelectualidade enxuta: “75 quilos de músculo e fúria”.
Dizem que Nelson Rodrigues era um safado. Que chegavam ao cantinho, onde ele escrevia com os braços entrevados e o “flagravam”, todo choroso, reclamando que ninguém tinha gostado da peça dele. Aí Alguém como Otto Lara Resende dizia: “Que nada, Nelson, sua peça é magnífica”, e ele, meio que num fungado, respondia: “Você escreve isso, Otto?”…
E eu vou escrever só isso acima, assim, entrecortado, ogro, tigre, rebuscado e laudatório com esses anti-heróis, porque morreu o Dines, que eu sempre esperava ver quando visitava meus filhos, em São Paulo, ali, vizinho e porta de Helena.
Morreu, aos 86 anos, nesta terça-feira (22) o jornalista Alberto Dines, fundador do Observatório da Imprensa, uma entidade sem fins lucrativos, dedicada a avaliar a qualidade do jornalismo brasileiro. Agora é o dead line, afinal.