quinta-feira, 18 de abril de 2024

Estudo demonstra eficácia de medicamento para HIV ofertado no SUS

remédios

Estudo brasileiro realizado com mais de 100 mil pacientes em início de terapia antirretroviral comprovou a maior efetividade do medicamento dolutegravir (DTG) para o tratamento do HIV quando comparado a outros antirretrovirais. Os resultados da pesquisa foram apresentados na última terça-feira (24) na 22ª Conferência Internacional de Aids.

A pesquisa utilizou uma das maiores coortes de vida real sobre o uso do DTG. Foram coletados e analisados dados de 103.240 pacientes em início de terapia antirretroviral, com 15 anos ou mais, e que iniciaram o tratamento entre janeiro de 2014 e junho de 2017. Os dados foram fornecidos por dois sistemas de informação em saúde do SUS, que controlam a dispensação dos medicamentos para o HIV e os exames utilizados para monitorar a infecção (CD4 e carga viral).

Os resultados do estudo demonstram que o esquema de tratamento com DTG, associado ao “2 em 1” (tenofovir e lamivudina), foi 42% mais eficaz na supressão da carga viral do HIV, em um período de seis meses, quando comparado ao “3 em 1” (combinação dos antirretrovirais efavirenz, tenofovir e lamivudina), que era o esquema de primeira linha recomendado anteriormente ao dolutegravir. Já em comparação a outros esquemas, o dolutegravir + “2 em 1” foi 51% a 162% mais efetivo.

A terapia antirretroviral diminui significativamente a quantidade de HIV no sangue, suprimindo a carga viral a níveis indetectáveis. Atingir e manter a carga viral indetectável, além de trazer inúmeros benefícios para a saúde da pessoa vivendo com HIV, reduz a quase zero o risco de transmissão do vírus por via sexual. Por isso, os resultados do estudo são ainda mais animadores para a resposta brasileira ao HIV.

O Dolutegravir (DTG) é utilizado no Brasil para pacientes iniciantes no tratamento do HIV desde janeiro de 2017. Mais recentemente, foi incluída, nos protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas (PCDT) do HIV, a recomendação de mudança para o DTG nos esquemas de tratamento de terceira linha com raltegravir e naqueles em que o paciente apresente eventos adversos e toxicidades indesejáveis.

Atualmente, no Brasil, 76.713 pessoas utilizam o DTG como primeira linha e outros 45.645 mudaram para o DTG. Somados, são mais de 122 mil brasileiros vivendo com HIV utilizando o dolutegravir em seus esquemas de tratamento antirretroviral, número que representa 19% do total de 572 mil brasileiros recebendo tratamento antirretroviral de forma gratuita por meio do SUS. Destaca-se também que 87% das pessoas que iniciaram o tratamento em 2018 começaram com DTG.

Barreiras contra vírus HIV

Os antirretrovirais são medicamentos usados no tratamento do HIV que atuam no sistema imunológico, bloqueando as diferentes fases do ciclo de multiplicação do vírus no corpo. O dolutegravir faz parte de uma nova classe de antirretrovirais do tipo dos inibidores de integrase, que atuam impedindo que o código genético do HIV se integre à célula humana, impossibilitando assim sua multiplicação.

As outras classes mais comuns de antirretrovirais são: os inibidores de protease, que atuam nessa enzima, bloqueando sua ação e impedindo a produção de novas cópias de células infectadas com HIV; e os inibidores nucleosídeos e os não nucleosídeos da transcriptase reversa, que atuam sobre a enzima transcriptase reversa, impedindo que o vírus se reproduza. Os do tipo núcleosídeo agem tornando defeituosa a cadeia de DNA que o HIV cria dentro das células de defesa do organismo; já os não nucleosídeos bloqueiam diretamente a ação da enzima.

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