quarta-feira, 24 de abril de 2024

Gasto médio mensal das famílias na zona urbana é 45,3% menor na área rural

Pesquisa foi divulgada hoje (4) pelo IBGE - confirma que a vida é mais cara na área urbana do que na rural (Foto: Arquivo/Agência Brasil)

A Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017/2018 – divulgada hoje (4) pelo IBGE – confirma que a vida é mais cara na área urbana do que na rural. “Por isso, há um nível de despesas mais alto em áreas urbanas do que nas rurais. A despesa média da família na área urbana chega a ser quase o dobro da rural”, disse à Agência Brasil o gerente do estudo, André Martins.

A despesa total média mensal das famílias brasileiras atingiu R$ 4.649,03 no biênio. Na área urbana, o gasto total médio foi de R$ 4.985,39, com aumento de 7,2% em comparação ao valor nacional, enquanto na área rural o valor da despesa atingiu R$ 2.543,15, ou seja, 45,3% inferior ao gasto médio.

O IBGE classifica as despesas em três grupos:  correntes, aumento do ativo e diminuição do passivo. Os gastos correntes concentram o maior percentual de gastos (92,7%) e formam dois grupos: as despesas de consumo, que são os gastos feitos no dia a dia e que correspondem a 81% dos gastos totais; e outras obrigações correntes (impostos, contribuições trabalhistas, serviços bancários, pensões, mesadas e doações).
A sondagem mostra estabilidade nas despesas de consumo em relação à pesquisa 2002/2003, quando representaram 84,2% dos gastos totais.

Mais representativos
Dentro do grupo de despesas de consumo são mais representativos os segmentos de habitação (36,6%), transporte (18,1%) e alimentação (17,5%).

“O transporte, nessa pesquisa, ganhou o segundo lugar. Botou alimentação no terceiro plano”. Juntos, os três segmentos respondem por boa parte das despesas de consumo.

“Os outros setores dividem o que sobra”, afirmou. Assistência à saúde, por exemplo, tem participação de 8% e educação, 4,7%. A assistência à saúde tem participação crescente desde o Estudo Nacional da Despesa Familiar (Endef) 1974/1975, quando somava 4,1%.

Na área urbana, a distribuição das despesas de consumo mostra a mesma posição, com habitação na liderança (37,1%), transporte (17,9%) e alimentação (16,9%). Já na área rural, embora habitação se mantenha em primeiro lugar (30,9%), transporte perde a segunda posição (20%) para alimentação, que participa nas despesas de consumo com 23,8%.

O pesquisador lamentou que as despesas de consumo relativas a fumo ainda tenham ficado com participação de 0,5% no estudo 2017/2018. “Eu queria ver 0% de participação, mas não foi ainda desta vez”, disse. No que tange a outras despesas correntes, que “abrangem tudo que você tem que pagar efetivamente, mas não é consumo”, entre os quais impostos, o estudo indica aumento significativo entre o Endef 1974/1975 e o levantamento hoje divulgado, passando de 5,3% para 11,7%.

Alimentação fora de casa
A pesquisa 2002/2003 já havia observado uma participação relevante da alimentação fora do domicílio nos gastos das famílias brasileiras. Analisando as despesas com alimentação, a POF 2017/2018 aponta que um terço desses gastos é dedicado a pagamento de alimentação fora do domicílio.

São produtos que a família compra para consumir fora da moradia. “É um lanche, um jantar no restaurante, um sanduíche, é uma pipoca que adquire no ponto do ônibus”.

Esse fenômeno é mais marcante na área urbana. André Martins acrescentou que essa despesa com alimentação fora de casa veio aumentando ao longo do tempo. Em 2002/2003, tinha participação de 24,1% dos gastos com alimentação; em 2008/2009, 31,1%. Agora, 32,8%.

Na área urbana, esses gastos com alimentação fora de casa evoluíram de 25,7%, em 2002, para 33,9% no estudo divulgado hoje, e com estabilidade ante a pesquisa de 2008 (33,1%). Já na área rural, subiram de 13,1% para 24,%.

Embora a alimentação fora do domicílio tenha ficado estável no Brasil nos últimos anos, o IBGE informou que, em termos regionais, o Nordeste, o Centro-Oeste e o Sul tiveram expansão significativa nesse tipo de gasto, passando de 23,5%, 30,1% e 27,7% na pesquisa anterior para 32,3%, 38% e 31,1%, na atual, respectivamente.

No Sudeste, ao contrário, “deu uma pequena encolhida” (de 37,2% para 34,2%), que pode ser explicada pelo “aperto” provocado pela crise econômica. “Houve uma freada no tipo de alimentação fora de casa porque é mais cara um pouquinho”, disse o pesquisador.

No item alimentação no domicílio, o levantamento atual evidencia que o grupo de produtos compostos de carne, vísceras e pescados segue liderando a despesa média mensal das famílias, com 20,2% do total, com maior peso na Região Norte (27,1%) e menor no Sudeste (18,1%). Esse grupo de produtos indica queda em comparação ao estudo anterior, quando atingiu 21,9% dos gastos.

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