sábado, 20 de abril de 2024

Governos criarão grupo de trabalho para Alcântara

Foto: Divulgação

O governo federal e as autoridades locais do Maranhão vão criar um grupo de trabalho permanente para tentar destravar pontos do acordo entre Brasil e Estados Unidos para uso do Centro de Lançamentos de Alcântara.

Em audiência pública do ministro Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia) com integrantes das comissões de Ciência e Tecnologia, Defesa e Direitos Humanos da Câmara, ontem (dia 10) emissários do governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB) afastaram receios sobre uma possível discordância por motivos ideológicos e afirmaram ter interesse no acordo.

“É um pressuposto claro para esse debate: o Maranhão quer a exploração comercial do Centro de Lançamentos. Não queremos que aquele lugar vire um elefante branco, com problemas ainda não resolvidos em relação com a comunidade, sem que sirva para o País, para o Maranhão, e para Alcântara”, afirmou o deputado federal Márcio Jerry (PCdoB). Autor do requerimento que convocou o ministro da Ciência e Tecnologia para a audiência na Câmara.

Deputados de partidos contrários ao governador tentaram explorar a hipótese de um governo “comunista” oferecer resistências ao acordo em nome do discurso de defesa da soberania nacional.

No domingo (dia 14), o ministro Marcos Pontes visitará Alcântara acompanhado de representantes do governo estadual.

Na audiência desta quarta, foram expostos três pontos que podem travar o avanço do acordo, que ainda precisa ser aprovado pelo Congresso. O primeiro deles é em relação à soberania. Deputados e autoridades maranhenses querem saber em detalhes como o assunto é tratado no documento elaborado pelos governos do Brasil e dos EUA. Em 2000, o Congresso barrou um acordo negociado pelo governo Fernando Henrique Cardoso justamente por discordar dos termos em que foram propostas as “áreas restritas”.

Hoje existe o temor de que os EUA tenham o objetivo oculto de transformar o local em uma base militar.

“Ministro, o senhor faz referência nesse debate sobre prazos, metas e receitas. Porque nós não podemos também ficar com a desconfiança, que pode ter fundamento, de uma certa visão, nas entrelinhas, da criação de uma reserva militar “light”. Que diz que não é, mas pode vir a ser”, questionou Jerry.

Pontes garantiu que o acordo deixa explícito o veto ao uso militar da área, a não ser pelo Brasil. O ministro disse ainda que o acordo não impede o aluguel do local para outros países como Rússia e China. Mas o que trouxe mais tranquilidade foi o anúncio de que, aprovado o acordo, os EUA vão iniciar os aportes de investimentos já em 2020.

O segundo ponto questionado foi quanto ao impacto do acordo para o projeto aeroespacial brasileiro. E o terceiro, e mais delicado para os maranhenses, diz respeito à população local.

Até hoje as 312 famílias removidas para construção do centro, em 1983, não receberam indenizações ou compensações. Muitas delas são quilombolas, segmento que é alvo de ataques do presidente Jair Bolsonaro. Além de resolver o passivo contencioso, as autoridades maranhenses esperam algum tipo de compensação financeira para a cidade e o estado. Existem projetos em tramitação na Câmara.

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