domingo, 6 de outubro de 2024

Grêmio paga caro por racismo da torcida e é eliminado da Copa do Brasil

Clube gaúcho também levou multa de R$ 50 mil por ofensas contra o goleiro Aranha

A guerra contra o racismo no futebol travou mais uma batalha nesta quarta-feira (3) e venceu. O Grêmio foi julgado e responsabilizado por conta da atitude de sua torcida contra o goleiro Aranha, do Santos, e foi eliminado da Copa do Brasil.

Grêmio e Santos fariam o jogo de volta das oitavas de final da competição nesta quarta-feira, na Vila Belmiro, mas ao invés disso, representantes dos dois times estiveram na sede do STJD, no Rio de Janeiro, para acompanhar o julgamento dos incidentes envolvendo o goleiro Aranha.

O jogo, que aconteceu na Arena Grêmio, ficou marcado pelas manifestações racistas de alguns torcedores do clube gaúcho contra o jogador santista. Por conta disso, o Grêmio foi julgado pela Terceira Comissão Disciplinar do STJD.

Como foi responsabilizado pela atitude de sua torcida, o clube foi enquadrado nos artigos 243-G (descriminação racial) e 213 (arremesso de objeto em campo), ambos do CBJD – Código Brasileiro de Justiça Desportiva.

Fábio Koff, presidente do Grêmio, e a equipe de arbitragem prestaram depoimento no julgamento. De acordo com Koff, a decisão remete à história do clube:

— Está sendo julgado aqui, um dos clubes mais tradicionais do futebol brasileiro. Estou aqui para dizer que a decisão desta tarde tem peso histórico para a instituição.

Em seu depoimento, o árbitro da partida, Wilton Pereira, afirmou que os jogadores tentam ludibriar a arbitragem durante todo o jogo e, por isso, não acreditou nas palavras dos jogadores:

— Não tínhamos certeza de que algo tinha acontecido. Jogadores tentam ludibriar a arbitragem o tempo todo. Achei que eles (jogadores do Santos) estavam tentando ganhar tempo. Se alguém da minha equipe tivesse visto ou ouvido algo, eu teria suspendido o jogo.

No fim, Michel Assef Filho, advogado do Flamengo, tentou ajudar o clube gaúcho e defendeu o Grêmio, mas sua empreitada não obteve sucesso:

— Tenho toda tranquilidade em pedir a absolvição do Grêmio. Mas, caso vossas excelências, entendam que precisa existir uma punição, ela deve ser uma multa.

Árbitro do jogo também foi julgado

O árbitro da partida, Wilton Pereira Sampaio, também foi julgado pelo STJD, assim como seus assistentes Kléber Lúcio Gil e Carlos Berkenbrock, e o quarto árbitro Roger Goulart. Wilton Pereira por não ter relatado na súmula do jogo o acontecido com Aranha e seus auxiliares por não terem relato ao árbitro os xingamentos da torcida gremista.

Wilton Pereira defendeu-se sobre a acusação alegando que não escutou nada e, que se tivesse conhecimento dos xingamentos, teria suspendido a partida. Quando ficou sabendo do incidente, ao chegar no hotel, resolveu fazer um adendo ao STJD:

— Chegando ao hotel, junto com minha equipe de arbitragem, fiquei assustado com as reportagens sobre a questão e, para não passar em branco, fiz o adendo sobre o ocorrido.

No fim, os auditores do processo votaram e optaram pela suspensão por 45 dias do árbitro Wilton Pereira Sampaio, além de R$ 500 de multa. Os auxiliares e o 4º árbitro receberam 30 dias de gancho e multa de R$ 500 reais.

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