sexta-feira, 19 de abril de 2024

Grupo planta árvores em território quilombola desmatado por invasores

No último final de semana, o Grupo de Juventudes da Rede de Agroecologia do Maranhão (Rama), por meio da campanha Plante Árvores, encaminhou para o território quilombola cerca de 50 mudas (mamão, laranja, cupuaçu, juçara, ipê, tamarindo, ata) como forma de resistência ao monocultivo da soja que tentam instalar na reunião.

Há cerca de 40 dias, a vegetação dos territórios de Tanque da Rodagem e São João foi totalmente devastada, sob o comando de agricultores da soja. Os quilombolas montaram acampamento em protesto e desde o dia 10 de setembro aguardam a presença da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SEMA) para registro do crime ambiental. Há informações que representantes da Secretaria foram ao município, mas não no acampamento Tanque da Rodagem para checar de perto a destruição da mata nativa.

Sobre o Plante uma Árvore

As mudas foram cultivadas por Ariana Gomes e Ivanessa Ramos, ambas do GT de Juventedes da Rama. Os integrantes do GT se comprometeram em cultivar mudas de espécies madeireiras, frutíferas e ornamentais. Todas ameaçadas de extinção por conta do avanço do agronegócio, das queimadas e da monocultura. São vegetações que englobam os biomas Cocais, Cerrado e Caatinga.

O projeto Plante uma Árvore incentiva a participação dos jovens na luta pela segurança alimentar.“Com certeza serão bem cuidadas, por mãos de gente que luta pelo território e pela permanência da diversidade do cerrado. Agora elas terão as raízes fincadas nas terras férteis de resistência e de gente lutadora”, afirmou Ariana Gomes.

Uso de agrotóxico liberado pela Sema

Outra grave denúncia envolve o território é que a Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SEMA) concedeu Licenciamento Ambiental (nº 0000110/2018 – Atividade Agrossilvopastoril) que autorizou o uso de agrotóxico na fazenda Castiça. A propriedade fica dentro da comunidade quilombola de Tanque da Rodagem, o que seria necessário a realização de consulta prévia, conforme exige a legislação ambiental.

A Comissão Pastoral da Terra, que acompanha a comunidade, expressa a urgência da presença da Secretaria Estadual de Meio Ambiente no território. As denúncias foram feitas por meio de matérias jornalísticas.

No Licenciamento Ambiental (nº 0000110/2018 – Atividade Agrossilvopastoril) consta ainda orientação para uso de glifosato, que envenena lençóis freáticos, sendo vetado o seu uso por aeronaves.

Problemas de saúde


Os quilombolas reclamaram de coceira e alergia pelo corpo. Uma quilombola, que preferiu não se identificar, contou: “vamos caçar o coco babaçu no mato e quando voltamos de lá, a pele está encarouçada”. Eles queixam-se, ainda, sobre o clima constante de ameaça de derrubadas das casas.

Sobre a comunidade Tanque da Rodagem


Desde 2013, tramita no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) o processo de reconhecimento da área como território quilombola. No entanto, a última movimentação no processo do Tanque de Rodagem foi em 2017. Sem a documentação definitiva da posse, os moradores não conseguem avançar com a regulamentação das moradias e nem acessam linhas de crédito para a produção agrícola. Os primeiros quilombolas a ocuparem a área onde está o Quilombo Tanque de Rodagem chegaram na década de 1970. O terreno fica na beira da rodovia MA-262, onde os moradores já organizaram a divisão do território, com casas e plantações para o sustento da comunidade.

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