sexta-feira, 29 de março de 2024

Henry: Defesa de Jairinho alega ‘socorro’ em novo vídeo; MP nega acidente

Um vídeo inédito obtido pelo UOL mostra o ex-vereador Jairinho (sem partido) tentando reanimar o menino Henry Borel no elevador do prédio onde a família morava, na zona oeste do Rio de Janeiro. Para a defesa do político, o registro contradiz a versão da polícia de omissão no socorro ao menino, morto em 8 de março, e reforça a tese de morte por acidente doméstico.

Já o promotor de Justiça Fábio Vieira defendeu a consistência das informações do laudo pericial e descartou a hipótese da defesa. No entendimento dele, o conjunto de provas é suficiente para incriminar Jairinho e Monique Medeiros, padrasto e mãe da criança de 4 anos, que respondem pelo crime de homicídio triplamente qualificado.

Procurada, a Polícia Civil informou que o vídeo foi analisado pela perícia e descartou a versão da defesa de tentativa de socorro na ação de Jairinho.

Nas imagens, registradas na madrugada de 8 de março, Jairinho aparece entrando no elevador seguido por Monique com a criança desacordada no colo. O padrasto então tenta reanimar Henry, sem sucesso. A mãe olha para Jairinho e parece falar algo. A imagem mostra o casal deixando o elevador com a criança.

O vídeo será anexado a um documento paralelo elaborado pela defesa de Jairinho, que sustenta a tese de acidente doméstico e contesta a versão de que o menino tenha sido assassinado.

“A mãe aparece absolutamente angustiada nas imagens. Nesse meio tempo, o Jairinho tenta fazer a respiração boca a boca. É a evidência que [Jairinho] não estava inerte”, afirma o legista e perito criminal Sami El Jundi, contratado pela defesa do ex-vereador para elaborar um relatório paralelo do caso.

Na primeira audiência do caso, ocorrida no dia 6 deste mês, o delegado Henrique Damasceno, responsável pelas investigações, chegou a se posicionar sobre o episódio.

“Em relação àquela manobra no elevador, eu posso dizer, mesmo sem ser médico, que soprar a boca de uma criança no colo não é minimamente o que se faz para tentar reanimar. De qualquer maneira, as imagens constam nos autos e nos relatórios de imagem”.

Em seguida, Damasceno fez referência à versão do político em depoimento. “Eu perguntei para ele [Jairinho] várias vezes se ele havia feito alguma manobra de reanimação ou por que ele não havia feito. Ele disse que nunca havia feito porque nunca exerceu Medicina. Não foi um fato que passou despercebido”.

A dúvida sobre a versão de acidente doméstico contada por padrasto e mãe da criança no Hospital Barra D’Or deu início a um trabalho desenvolvido por peritos que envolveu exame do corpo da criança no IML (Instituto Médico Legal), captura de vídeos, reprodução simulada no local do crime e extração de dados de 14 celulares com o auxílio de uma ferramenta israelense adquirida por cerca de R$ 5 milhões pelo governo estadual.

Peritos legistas e criminais descartaram a tese de acidente doméstico e concluíram que houve uma ação violenta que durou até três horas. Com 23 lesões espalhadas pelo corpo condizentes com aquelas produzidas mediante ação violenta (veja abaixo ilustração da perícia), o menino morreu em decorrência de “hemorragia interna e laceração hepática causada por ação contundente”, apontou o laudo da Polícia Civil.

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