sexta-feira, 4 de outubro de 2024

Indústria participa de recuperação de patrimônios históricos 

O Centro Histórico de São Luís, capital do Maranhão, é uma volta ao tempo do Brasil colonial. A capital foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e inscrita como Patrimônio Mundial em 1997.  

Como em todo centro histórico, a conservação é peça essencial para a preservação da identidade do local. Esse é o objetivo do Programa Canteiro Escola, iniciativa da prefeitura de São Luís por meio da Fundação Municipal de Patrimônio Histórico (Fumph), que, em parceria com a Federação das Indústrias do Estado do Maranhão (FIEMA), o Serviço Social da Indústria (SESI), o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Maranhão (Sinduscon-MA), capacitam profissionais para construção civil para a manutenção de bens culturais protegidos por lei.  

Os selecionados recebem bolsa auxílio no valor de R$ 300, além de alimentação, transporte e fardamento. A qualificação dos profissionais é feita pelo SENAI-MA. Ao final do curso, os alunos receberão o certificado de qualificação profissional.  

Já o SINDUSCON e a FIEMA são responsáveis pela aquisição e manutenção de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) durante a realização do curso, conforme legislação vigente e orientação do SENAI-MA.  

O diretor regional do SENAI-MA, Raimundo Arruda, afirma que o Programa Canteiro Escola é também um espaço de aprendizado específico. “O projeto canteiro escola, para nós, é um projeto pedagógico. Ele traz uma característica muito importante, o objetivo da formação da mão-de-obra para construção civil com a especificidade na tecnologia construtiva e em edificações históricas, visando a conservação do nosso patrimônio arquitetônico.”  

Na primeira edição do programa, no segundo semestre de 2021, o SENAI ajudou a formar 29 profissionais nos cursos de pedreiro de alvenaria, e pintura de obras mobiliarias, com carga horária de 400 horas-aula. “Essa parceria mostra que o SENAI tem muito potencial de cooperação e demonstra pra sociedade o nosso papel na formação profissional”, reforça.  

A segunda edição irá capacitar 90 alunos, que vão realizar aulas teóricas e práticas, somando 640 horas de curso. Os participantes do Canteiro Escola vão revitalizar duas obras: o Palácio Episcopal e a fachada da Sede da Associação Comercial do Maranhão.  

Josiane Mendes trabalhou em construtora por um ano. Com o programa Canteiro Escola, descobriu a conservação de patrimônios históricos. Ela atuou na revitalização da fachada do Mercado das Tulhas. “Pra mim foi diferente, porque conheci novas técnicas. Tanto é que houve um estudo para descobrir o traço para usar na argamassa. Assim, as características originais foram mantidas na restauração”, relata.  

Foi também a partir do Canteiro Escola que Josiane passou a perceber o Centro Histórico de uma nova maneira. “É muito gratificante porque a gente muda o olhar quanto a história da nossa cidade, do patrimônio, a gente passa a dar mais valor do que antes. Porque a gente conhece, sabe como foi feito, cada detalhe que os nossos antepassados deixaram de legado pra nós, e a gente também pode contribuir para que as futuras gerações possam usufruir também desses patrimônios, possam conhecer um dia”, conta Josiane.  

Para Fábio Nahuz, presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Estado do Maranhão (Sinduscon-MA), a especialização prepara o profissional para todas as áreas da construção civil. “Quem trabalha em obras no centro histórico, em obras de requalificação de imóveis, ele pode trabalhar em qualquer setor da construção civil, imobiliária, de obras públicas, e isso é muito importante”.  

Para Kátia Bogéa, presidente da Fundação Municipal de Patrimônio Histórico de São Luís (FUMPH), todos ganham com o projeto “A cidade, com seu patrimônio recuperado, ganha a cadeia do turismo, ganha o cidadão da cidade que vê sua memória recuperada e ganham as pessoas envolvidas diretamente a formação, que serão inseridas no mercado de trabalho. É uma iniciativa importantíssima, é um trabalho compartilhado de gestão de patrimônio”, comemora. 

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