As últimas palavras do menino sírio que morreu afogado, cujas imagens chocaram o mundo inteiro foram: “Papai, não morra, por favor”. Esta é a última foto de Aylan, já no barco, tentando chegar à Europa.
Aylan Jurdi, de três anos de idade, se afogou no mar, tentando chegar à Europa, fugindo da Síria por causa da guerra. A imagem abriu ainda mais importância para o debate sobre permitir ou não que os refugiados cheguem a Europa, segundo publicação do site DailyMail.
O pai do menino, Abdullah, tentou salvar o pequeno enquanto ele se afogava no mar Aegean, perto da Turquia. A mãe e o irmão mais velho, Galip, de cinco anos, também morreram no caminho à Europa.
Fatima Kurdi, tia do menino, que vive do Canadá, contou que “quando o barco virou de ponta cabeça e os dois meninos estavam no colo do pai, foi muito difícil segurar as duas crianças”.
— Ele tentou com todas as forças que tinha tirar os meninos de dentro da água para que pudessem respirara, mas o mar estava forte e ele não conseguiu.
A tia conta que Abdullah desistiu de salvar Galip quando percebeu que ele já estava morto, para tentar recuperar o outro menino.
— Ele desistiu quando viu que não tinha mais jeito e foi tentar salvar Aylan. Ele me disse que quando olhou para o filho viu sangue saindo de seus olhos.
Fatima ainda disse que o pai teve de desistir da vida dos dois, porque já sabia que não haviam sobrevivido após tanto tempo debaixo d’água.
— Depois de ver os dois filhos morrerem, ele olhou para o lado e viu a mulher flutuando na água. É muito triste.
Segundo a tia, tudo o que Abdullah dizia era: “Eu tentei salvá-los, mas não tive como”.
A morte da família Kurdi rodou o mundo inteiro por causa da foto do meino à beira da praia, mas outras milhares de pessoas já morreram tentando fugir das situações de guerra que o Estado islâmico vem provocando.
Fatima conta que Abdullah mandou mensagens e fotos para ela, após um ataque do Ei no meio da noite.
— Essas imagens eram assustadoras. Eu não queria ver aquilo. Muitas das pessoas que eles mataram eram meus familiares.
A tia também disse que não conseguiu falar com Abdullah direito, porque ele não estava preparado psicologicamente para falar sobre o assunto.
— Ele teve de voltar para fazer o funeral dos filhos. Isso deve ter sido muito difícil para ele. Eu queria estar lá para dar suporte. Ele teve de ficar sozinho e fazer o funeral da família inteira, mas a guerra não permite que fiquemos juntos.
Abdullah fez um discurso durante o funeral da família.
— Eu estou muito orgulhoso de que meus filhos abriram a cabeça do mundo para o que está acontecendo. Infelizmente meus filhos tiveram de morrer para isso, mas espero que tudo comece a mudar.
Fatima insiste para que o irmão vá morar com ela no Canadá.
— Agora não é hora de fazer com que ele saia de lá. Ele acabou de perder a família inteira. Mas vou conversar com ele para tentar trazê-lo para morar comigo.