Enfim caiu o Eduardo Cunha. Depois da liminar concedida pelo ministro Teori Zavascki, o pleno do Supremo Tribunal federal, por unanimidade votou pelo afastamento de Eduardo Cunha do Exercício do mandato de deputado federal.
Assume a presidência da Câmara dos Deputados Waldir Maranhão. O deputado maranhense foi uma das estrelas da votação do impeachment da presidente Dilma, ao contrariar Eduardo Cunha e o próprio partido (PP), do qual era presidente estadual e votar contra o impedimento.
Waldir Maranhão parece viver um inferno astral. Mesmo o que acontece de bom, vira artigo ruim. Ao dizer não ao impeachment, e sim a alguma outra coisa, disse não ao Eduardo Cunha e ganhou outro não do próprio partido, do qual perdeu a presidência no Maranhão. Dizem, inclusive, que Waldir negocia com dois partidos visando à saída do PP, que agora é presidido, no estado, por um aliado rígido de Cunha, o deputado Fufuquinha.
Mas estaria Waldir Maranhão satisfeito e confortável ao herdar a presidência da câmara? Talvez não. Agora Waldir é mais estrela do que nunca e tem voltados para si todos os holofotes do país, inclusive do ministro Teori Zavascki, que também é relator da Operação Lava Jato no STF. Lembrando que Waldir Maranhão é acusado nessa operação, basicamente, dos mesmos crimes que Eduardo Cunha.
Se o ministro Zavascki afirma que Cunha “não tem condições mínimas de exercer o cargo”, é de se concluir que Waldir estaria no mesmo caminho. Mas isso é a próxima história e o protagonista é ele mesmo, Waldir Maranhão.
O poeta Alemão Goethe definiu a poesia como “a fala do infalável”. Assim foi o voto de Waldir Maranhão: visivelmente constrangido perante Cunha e, ao mesmo tempo, jurando-lhe fidelidade foi contra seu poderoso aliado. Embora Waldir não detenha qualidades de poeta, ou mesmo de orador, é inegável que a fala do mais controverso deputado federal maranhense, carrega uma linguagem capaz de transladar os verbos e, quiça, como tão bem escreveu Ferreira Gullar:
Traduzir-se uma parte
na outra parte
— que é uma questão
de vida ou morte —
será arte?
Nosso tribunal maior não tem sido exemplo de celeridade, pelo menos não, o tempo todo, e o que tiver que ser é uma mera e atemporal suposição.