Um relatório feito pelo Observatório da Intervenção do Centro de Estudo de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes, divulgado nesta quinta-feira (26) mostra que o número de chacinas no Rio de Janeiro durante o período de intervenção federal dobrou em relação aos dois meses anteriores. Também houve um aumento de 15,6% em relação a tiroteios: foram 1.502 disparos, no período entre 16 de fevereiro e 15 de abril, enquanto os dois meses imediatamente anteriores registraram 1.299 eventos do tipo.
Mas não quero com isso avaliar a situação do Rio de janeiro. A palavra intervenção, por si só, já é um horror. É a ausência do parlamento, do debate, do diálogo. Portanto quando um parlamentar pede pela intervenção, ele próprio já está se colocando em estado de exceção, confessando uma incapacidade de ação.
Se é que há a possibilidade de um esgotamento, então quando é chegada a hora de abrirmos mão da nossa ação própria e entregarmos o nosso destino a terceiros? Ou, ainda, observando a situação no Rio de Janeiro, um dos estados mais ricos do país, cheio de royalties, entre tantas outras fontes de renda, numa situação de falência; um estado que perdeu até a capacidade de pagar seus aposentados; um estado que produz assassinatos com reverberação terrorista (como o caso Marielle/Anderson). É este o exemplo que devemos nos mirar e seguir?
É aquilo que queremos para o Maranhão? Que generais, coronéis e soldados de qualquer localidade venham nos ensinar a nos comportar, agir e a resolver nossos problemas internos? Que devemos esquecer todo o nosso aprendizado corrente e recente, nossas instituições civis republicanas e optar por uma intervenção militar?
Não somos melhores do que ninguém no Brasil. Nem do que o depauperado Rio de Janeiro. Mas estamos longe de perder a capacidade do diálogo; de abrir mão do pleno estado de direito e mais e principalmente de abrir mão da palavra, do discurso e da luta pelas instituições democráticas e republicanas.
Chega de polêmicas vazias, de política estudantil no lugar da política de estado, chega de porta vozes de dignitários vitalícios. Precisamos, ao invés de chorar por intervenções nos nossos problemas, de maturidade e responsabilidade para o enfrentamento do mofo que ainda empesteia a condução da nossa jornada rumo a um Maranhão melhor.
Precisamos combater as práticas equivocadas e/ou criminosas que nos sombreiam. Precisamos de discursos e ações propositivas. Precisamos de estadistas, homens maiores, que carreguem consigo, antes de tudo, a honra de ser chamados de homens públicos.
O parlamento não é um playground, uma brinquedoteca, um tabuleiro de War. Também não é mais o velho curral, o amplo sertão das mazelas ao gosto dos barões ou dos coronéis. Não deve ser o balcão de negociatas, de acordos obscuros. E não é o terreno infértil do maniqueísmo, da dicotomia que isola e encerra um mundo de paradigmas.
É hora de amadurecer politicamente. O Maranhão está exaurido de políticas gagás e infantis, de violências e de irresponsabilidades, de ideias nulas e achaques aos cofres públicos. Por que nada mais nos resta. É preciso seguir em frente e crescer. Não há outra opção.