quinta-feira, 18 de abril de 2024

PCdoB convoca Moro para explicar colaboração proibida com Dallagnol

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro (Foto: José Cruz/Agência Brasil )

Por Saulo Marino

O Partido Comunista do Brasil protocolou nesta quarta-feira (12), pedido para que o Ministro Sério Moro explique o conteúdo das reportagens do The Intercept Brasil, que revelou no último domingo trocas de mensagens proibidas entre o então juiz federal e a força-tarefa da Lava Jato. As revelações, frutos de documentos enviados por uma fonte anônima, podem ter influenciado os rumos das últimas eleições no país. O pedido foi protocolado pelo deputado federal do Maranhão, Márcio Jerry (PCdoB), que é vice líder do partido na Câmara.

“Os fatos revelados são de enorme e inédita gravidade na história do Judiciário e do Ministério Público, em que o ex-juiz Sergio Moro e o procurador Deltan Dallagnol passam da condição de julgadores e acusadores implacáveis à de suspeitos de terem utilizado ilegalmente os cargos com o objetivo de praticarem perseguição política”, diz trecho do requerimento.

A revelação dos diálogos entre os membros do Ministério Público e o ex-juiz federal estremeceu o já conturbado cenário político brasileiro. Enquanto o presidente Jair Bolsonaro (PSL) ainda não se pronunciou oficialmente, políticos do Maranhão comentaram o arranjo entre Moro e Dallagnol.

Paralelamente, o movimento que pede a liberdade do ex-presidente Lula ganha força. Juristas do Brasil e do estrangeiro, além de nomes como o ex-ministro Celso Amorim, pediram a anulação do processo alegando que Moro, que deveria julgar, e Dallagnol, que deveria fazer a acusação, se envolveram em um relacionamento promíscuo, onde o juiz orientou o acusador e a força-tarefa de como proceder, com dicas e sugestões de interrogados.

Já Fernando Haddad, que assumiu a candidatura do Partido dos Trabalhadores no decorrer das últimas eleições, afirmou que a verdade prevalecerá. “Lula mantém a esperança, cada vez mais sólida, de que a verdade vai aparecer. Ele sabe que é um processo lento, que exige cautela, cuidado, mas está cada vez mais confiante de que toda a verdade vai ser revelada e sua inocência comprovada”.

Acuado na encruzilhada, Moro tenta manter a fama de herói e “superministro”. Mas os editorias dos principais jornais do Brasil, a saber, Folha de SP e Estadao, já pediram sua saída. Pressionado pelas revelações e tendo como trunfo apenas a cobertura do grupo Globo, o ministro da justiça se defende afirmando que “hackers ‘não vão interferir’ na missão de reduzir crimes”.

Porém, o aplicativo russo Telegram desmentiu que as conversas vazadas das reportagens do Intercept sejam consequências de falhas internas.

Já o repórter Glenn Greenwald, responsável por publicar os conteúdos secretos, afirmou em entrevista ao ‘Pública’ que haverá mais conteúdos nos próximos dias. “Se você não quer esses riscos, você não deve fazer jornalismo. Quando a grande mídia transforma Moro e a Força Tarefa em deuses ou super heróis, se torna inevitável o que aconteceu. Os jornalistas pararam de investigar e questionar a Lava Jato e simplesmente ficaram aplaudindo, apoiando e ajudando. Mas é preciso falar que depois de publicar o que publicamos, acho que com uma exceção, que é a Globo, a grande mídia está reportando o material de forma mais ou menos justa, com a gravidade que merece”.

Além do pedido do PCdoB, a Câmara já recebeu outros dois pedidos para que o ministro da Justiça dê explicações, tanto na comissão de Fiscalização Financeira e Controle (CFFC), como na de Trabalho, de Administração e Serviço Público (CTASP).

No Senado, Moro estará na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania na próxima quarta-feira (13).

Enquanto isso, a população aperta os cintos enquanto aguarda novas revelações.

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