terça-feira, 24 de junho de 2025

Prefeita tem prisão preventiva decretada por desvio de dinheiro

Ex-secretários foram presos nesta quinta-feira (20) em Bom Jardim, cidade do interior do Estado.

 

A Justiça Federal decretou a prisão da prefeita de Bom Jardim, Lidiane Leite, e mais dois ex-secretários seus pelo desvio de recursos federais para programas de alimentação escolar e do Fundo de Manutenção da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). O grupo é suspeito de manter um esquema que pode ter desviado mais de R$ 15 milhões em apenas um ano.

 

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Segundo o delegado Ronildo Siqueira há fortes indícios de que a Educação era o principal setor prejudicado pelo esquema. Cópias de extratos bancários mostram que transferências de dinheiro eram feitas diretamente para a conta de Lidiane Leite.

 

Prisão de ex-secretários

 

Na manhã desta quinta-feira (20) os ex-secretários de Agricultura, Antônio Gomes da Silva, e de Assuntos Políticos, Humberto Dantas dos Santos – que também é namorado da prefeita, foram presos em Bom Jardim. Lidiane está foragida.

A promotora de Justiça, Karina Chaves, afirmou que a Prefeitura de Bom Jardim pagou pela reforma de escolas municipais, no entanto, nenhuma obra foi vista durante as investigações.

 

De vendedora de leite a prefeita

 

Lidiane Leite foi eleita prefeita de Bom Jardim em 2012, depois que o namorado, então candidato a prefeito e preso preventivamente pela Polícia Federal, Humberto Rocha, não pode registrar sua candidatura por ter sido considerado ‘ficha suja’ pela Justiça Eleitoral.

 

Ela conheceu “Beto” quando vendia leite na porta de sua casa, para ajudar a mãe. Dona de uma beleza e arrogância igualmente singulares, Lidiane, não tinha vergonha de ostentar a riqueza trazida pelo cargo. Em redes sociais, ela debochava de quem a criticava. Durante um comício na cidade ela chegou a dizer que estava de “cara limpa” e pedia a punição de quem estivesse envolvido em alguma falcatrua: “Se for provado”, disse.

 

Antes de ter a prisão decretada pela Justiça Federal, Lidiane já havia sido afastada do cargo pelo Tribunal de Justiça do Maranhão por ter descumprido uma determinação judicial que a obrigava a regularizar o fornecimento de merenda escolar.

 

Carta aberta à população de Bom Jardim

 

A prefeita não atendeu às ligações, mas em texto publicado em redes sociais, ela diz que o município tem cinco escolas em construção na zona rural da cidade. Segundo a prefeita, as escolas tem de 4 a 6 salas de aulas. Todas no que chama de “padrão MEC” e que devem atender 1.680 alunos.

 

Duas creches estariam em fase de licitação e, atualmente, 108 escolas funcionam. Mais de 11.300 estudantes seriam atendidos pelo sistema educacional do município.

 

Sobre a reforma de escolas, também alvo das investigações, Lidiane afirma em sua carta que 15 estabelecimentos estão em fase final.

 

Leia, a seguir, a íntegra da carta:

“Carta Aberta da Prefeita Lidiane Leite aos Cidadãos de Bom Jardim

Eu, Lidiane Leite, prefeita de Bom Jardim, venho por meio desta carta, esclarecer, quaisquer dúvidas que tenham sido geradas a partir da reportagem jornalística, exibida nesta terça-feira, 18 de agosto, no telejornal da Rede Globo, Bom Dia Brasil. A matéria fez um retrato meu, no mínimo questionável e que me surpreende negativamente, por apresentar uma denúncia vazia e sem provas.

Antes da reportagem, propriamente dita, a apresentadora do telejornal levanta a hipótese de desvio de dinheiro público, o que em nenhum momento é provado durante a reportagem. A apresentadora fala também em termos gerais, que todas as escolas do município estão com problemas, o que também não é verdade.

Na matéria, o repórter diz que não houve reforma em nenhuma das 28 escolas previstas para receber obras, mas ele só mostra duas unidades de ensino, ao longo da reportagem. E não há prova alguma de que a construção demolida, mostrada pelo repórter, se trata de uma escola.

Sobre as empresas que seriam as vencedoras das licitações para a reforma das unidades, ele comete mais erros, não apresenta documentos que comprovem o endereço das empresas, e nos locais, onde ele bate a porta, não há indicação de endereço para que este seja atestado, ou seja, faz um discurso vazio e sem provas, ele pode ter batido em qualquer porta.

Para denunciar a falta de merenda escolar, mais falhas, ele entrevista apenas uma criança, fora de contexto e que não parece estar em sala de aula, pois sequer está vestindo uniforme. Sobre o fornecimento da merenda, novamente, o repórter não apresenta uma prova ou documento que traga o nome da senhora citada na reportagem, como fornecedora.

Ao falar da minha vida pregressa, mais erros. O repórter apresenta em uma imagem bem rápida, um local e depois disso, uma senhora sem identificação, que diz apenas a frase solta: “ela vendia leite”. Outra vez, nada foi provado, a senhora pode estar falando de outra pessoa, ela não cita meu nome.

Na sequência, ele faz exposição de fotos pessoais minhas, sugere badalação, e lança outra denúncia vazia, pois, fotos de uma pessoa se divertindo, não é crime e nem é prova de má gestão do dinheiro público. Em nenhum momento, ele pôde afirmar, em toda a reportagem, que uso recurso do município para diversão pessoal.

Fica claro, que o repórter não conhece a minha origem e não investigou. O povo, pelo contrário sabe que sou filha de Bom Jardim, que não teria necessidade de tirar dinheiro do povo, pois sabem que fui casada com empresário e fazendeiro próspero da região. Outra situação que fica clara na reportagem é o preconceito, como se uma pessoa que vendesse leite, não fosse capaz de viver desse negócio e prosperar.

Em um único momento da reportagem, onde sou chamada a me defender, mantenho o discurso coerente, de apoio às investigações e que se forem descobertas ilegalidades, que sejam punidos, os culpados. Ronildo Rabelo, delegado da Polícia Federal, entrevistado na reportagem, sequer cita meu nome como investigada.

Sobre a educação do município, Bom Jardim possui 05 (cinco) obras em execução na zona rural. Há construção de novas escolas nos povoados de Santa Luz, Tirirical, Vila Bom Jesus, Vila Aeroporto e Aldeia Tabocal. As escolas tem entre 4 e 6 salas de aula, no padrão MEC, e que atenderá em torno 1.680 alunos.

As obras fazem parte do PAR – Plano Ações Articuladas do Governo Federal, que visa atender os municípios na área de infraestrutura, mobiliários, transporte escolar e formações continuadas. As escolas que estão sendo construídas deverão ser entregue para as comunidades até o inicio do ano de 2016.

Além das escolas, o município foi contemplado com as construções de 02 (duas) creches na zona urbana, cuja situação está em processo de licitação.

Atualmente, o sistema educacional do município é composto por 108 escolas em atividade, atendendo a crianças da creche, educação infantil e alunos do ensino fundamental menor e maior, assim como alunos da EJAI – Educação de Jovens, Adultos e Idosos. Na zona urbana do município, existem 9 escolas atendendo todas as etapas da educação básica. No total, o município possui 11.372 alunos matriculados.

Este ano, 15 escolas começaram a ser reformadas, algumas já estão com a obra em fase final. E até o fim do ano, mais reformas estão previstas, dez escolas da zona rural e da sede vão receber melhorias. O início das novas reformas está previsto agora para o segundo semestre de 2015.

Bom Jardim, 18 de agosto de 2015.

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Lidiane Leite
Prefeita de Bom Jardim”

 

 

 

 

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