No Dia dos Namorados o clima de paixão está no ar. Pupilas dilatadas, mãos geladas, coração acelerado, suor frio… Doença? Na verdade, são sinais de paixão. Segundo a psicóloga do Hospital e Maternidade São Cristóvão Susi Andrade, a sensação de paixão é criada por uma reação química em que o cérebro produz grande quantidade dos hormônios dopamina e norepinefrina — responsáveis pela sensação de bem-estar.
— Normalmente uma pessoa apaixonada fica em um estado parecido com o quadro de ansiedade, chegando a apresentar taquicardia, sudorese, tremores, ”cabeça-vazia”, ausência de apetite entre outros
Estudos realizados pela Universidade de Pisa, na Itália, compararam uma pessoa apaixonada a um paciente que sofre de TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo), uma vez que, ambos apresentam o mesmo nível de ansiedade.
— Ambos os quadros apresentam um nível baixo de serotonina, substância responsável pelo bem-estar. Desta forma há um aumento do nível de estresse e ansiedade
Segundo Susi, a sensação de ‘borboletas no estômago’ é uma mistura de ansiedade de querer ver a pessoa amada e de insegurança, presentes em todo início de relação.
— É aquela impressão de que algo está se movimentando dentro de sua barriga, uma sensação de saciedade sem nem mesmo ter comido. Esses ‘sintomas’ são uma resposta fisiológica que condiz com o estado de estar apaixonado
Susi explica que, nesses momentos, é natural que boa parte da atenção e da concentração seja desviada para pensamentos constantes na pessoa por quem se está apaixonado.
— Por isso, dizemos que quem está apaixonado vive com “a cabeça nas nuvens”
A psicóloga orienta quem sente dificuldade de ficar longe da pessoa que ama:
— Lembre-se sempre que o início de uma relação precisa ser saudável e natural e não pode comprometer as atividades do dia a dia. É preciso que haja um equilíbrio para que o apaixonado não torne o parceiro sua única fonte de emoções, sobrecarregando-o com atenção em demasia ou eventuais cobranças
Segundo Susi, a melhor forma para não “apressar as coisas” e controlar os impulsos cardíacos da paixão é conhecer o outro aos poucos, tentar evitar um envolvimento muito rápido.
— Quando sentir que está perdendo o controle, lembre-se que vocês terão bastante tempo para curtir. Vá com calma. No início de qualquer relacionamento as pessoas passam por análises de comportamento, e as coisas que você faz tem um peso grande na relação
Mas não precisa ficar preocupado. Amar não deve ser motivo de nervosismo, pelo contrário. Para a clínica-geral do Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos Ligia Brito estar amando e feliz pode ser considerado um ótimo remédio. Entre os benefícios estão diminuição da depressão.
Outra dica da especialista para que a paixão influencie positivamente na saúde é fazer amor sempre que puder. Isso porque a endorfina liberada durante a relação sexual neutraliza o cortisol, hormônio do estresse.
— Durante a relação, o organismo ainda produz grande quantidade de anticorpos no sangue, aumentando a imunidade. Além disso, durante o ato, a endorfina é liberada no organismo e na corrente sanguínea, produzindo uma sensação de euforia e bem-estar.
Segundo o psicólogo do HNSG (Hospital Nossa Senhora das Graças), José Palcoski o tempo da paixão e do amor são diferentes. A paixão dura em média dois anos, e quando acaba, o sentimento pelo companheiro se solidifica e vira amor.
Mas nem tudo são flores. Toda essa sensação de bem-estar pode ser cortada bruscamente quando o relacionamento chega ao fim. De acordo com Palcoski, a sensação do “e agora?”, o vazio por estar longe da pessoa amada pode desencadear a ansiedade, perturbações do sono, e até mesmo doenças.
— Isso ocorre pois os pensamentos aumentam ou diminuem a produção de alguns hormônios, neurotransmissores, e outras substâncias. Tudo o que pensamos ou sentimos reflete em nosso organismo. Contudo quando algo vai mal, esta harmonia se desfaz, podendo surgir enfermidades, como uma simples dor de cabeça até uma doença mais grave, como a depressão..