sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

Tratamento de autismo com cannabis será testado em São Luís

Óleo de Cannabis

Fazer com que crianças com autismo consigam ter melhor interação social, menor agitação e agressividade e ainda reduzir movimentos repetitivos e estereotipados. Este é o objeto de uma pesquisa para tese de doutorado de um psiquiatra que estuda na Universidade Federal da Paraíba (UFPB) usando o óleo de Cannabis (planta da qual é produzida a maconha).

O estudo vai utilizar material produzido pela Associação Brasileira de Apoio Cannabis Esperança (Abrace Esperança) e será realizado em João Pessoa e São Luís, no Maranhão, a partir de setembro com duração de um ano. As crianças poderão ser inscritas pelos pais através de um site a ser lançado na próxima semana e será feito um cadastro, que passará por uma análise.

O doutorando Estácio Amaro falou que o Canabidiol vem trazendo revoluções em algumas doenças médicas. “Já existem vários estudos mostrando como a Cannabis ajuda na interação social das pessoas, que é uma das maiores características do autismo”, explicou o psiquiatra.

O estudo também pretende avaliar se há melhora na linguagem, através de uma equipe multidisciplinar, composta por psiquiatra infantil, neuropsicóloga e fonoaudióloga. A professora Kate Albuquerque, orientadora do estudo, explicou que está será uma pesquisa clínica, a primeira aprovada pelo Conselho de Ética.

“As pesquisas se dividem em dois tipos. Existem as não clínicas, que são as feitas com animais em laboratórios, e as clínicas, que são as feitas com seres humanos. As pesquisas clínicas se dividem em quatro fases, a nossa é a de fase dois”, acrescentou.

Assim, o estudo se dará com as crianças com autismo que não tiveram contato com cannabis ou que tenha ficado um tempo de no mínimo dois meses isentas desse produto para começar do zero, para que o metabolismo atue. Será um Ensaio clínico randomizado duplo cego.

“Elas serão divididas em dois grupos, um usará o placebo, que é a glicerina vegetal, enquanto o outro grupo usará o extrato da planta, ou seja, um terá contato com apenas a base sem o Cannabis enquanto o outro usará o óleo de Cannabis”, detalhou.

Os pesquisadores não saberão qual grupo recebeu o Cannabis e só após um ano, com avaliações mensais, poderão ter esta revelação. “Faremos isso para que a gente não tenha aquele viés de dizer ‘eu sei que a criança está melhorando e eu sei que é por causa do óleo’. A gente não tem como saber disso”, falou a professora.

A professora garantiu que as crianças estarão participando com segurança, já que a saúde é primordial. “A gente vai enquadrar este estudo dentro de doses bem seguras, baseado em um estudo preliminar meu, eu tenho um estudo clinico de pacientes que eu já venho acompanhando e os efeitos colaterais que podem aparecer são considerados leves, como sono ou aumento de apetite”.

A segurança é possível também porque, de acordo com Kate Albuquerque, os médicos que conhecem esta terapia com o Cannnabis estão prescrevendo para os pacientes, estão tendo retorno positivo, entretanto não é um projeto de pesquisa, eles estão tratando dentro do consultório.

Segundo o diretor executivo da Abrace Esperança, Cassiano Teixeira, o óleo de Cannabis já é disponibilizado pela associação para tratamento de autismo. Há também pessoas sendo tratadas em razão de epilepsia, Alzheimer, Parkinson, câncer, esclerose múltipla, fibromialgia, doenças da pele, cicatrização, entre outros.

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