O ato também teve intenção de cobrar ações do instituto em relação a outro caso de assédio, que aconteceu em 2016 e até agora não foi julgado
Na manhã desta quarta-feira (1º), alunas e professoras se reuniram em frente à reitoria do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA) para pressionar o Conselho Superior (CONSUP) a demitir um servidor acusado de assédio. O resultado da manifestação foi positivo: o conselho decidiu tirar o enfermeiro Claudiney Pereira da Silva do seu quadro de funcionários.
O assédio começou em 2016, quando a vítima, uma das alunas do IFMA, ainda era adolescente. Somente hoje o caso foi julgado pelo conselho. Estiveram presentes também no protesto representantes do Fórum Maranhense de Mulheres (FMM) e do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (SINASEFE), seção Maracanã.
O ato serviu para levar à tona outro caso de assédio que vem acontecendo também desde 2016. Naquele ano, uma servidora recém-ingressa no IFMA sofreu assédio sexual. Em março de 2019, resolveu denunciar administrativamente e, em julho daquele ano, recorreu à Justiça Federal. Em nota divulgada nesta terça (30), o FMM e o SINASEFE revelam que, até agora, nada foi feito por parte do instituto.
“A atitude do IFMA de não punir o agressor, ou pelo menos afastá-lo e submeter a vítima ao convívio com seu agressor, retrata um descaso público para com uma mulher que vem sofrendo ameaças há cinco anos, sem que nada tenha sido feito”, diz a nota. No texto, ressalta-se que os membros têm cobrado audiências com o reitor para tratar do assunto, mas não obtiveram respostas até o momento.
“O agressor ainda não foi punido, o processo anda morosamente”, afirma a professora Neuzeli Pinto, do FMM, durante a manifestação. “Ela quer apenas o direito de trabalhar, o direito que todas nós mulheres temos, que conquistamos, com ar das penas, com ar das lutas”.
A reportagem entrou em contato com o IFMA e aguarda posicionamento oficial. Assim que publicado, a matéria será atualizada.
Assédios no IFMA
Não é sequer a primeira vez que uma manifestação contra o assédio acontece no IFMA neste ano. No dia 30 de julho, alunas, professoras e representantes de movimentos feministas se reuniram em frente à reitoria para pressionar o CONSUP a manter a demissão de outro servidor acusado de assédio – desta vez, o professor Márcio da Silva Vilela, do Campus Grajaú, em São Raimundo das Mangabeiras. A violência acontecia desde 2015, quando a aluna tinha 17 anos e, Márcio, 41.
Além de afastar a aluna do convívio de pessoas ao seu redor, em 2016, o então professor chegou a tentar forçá-la a entrar em seu carro. Após a aluna resolver denunciar, em 2016, Vilela passou a pressioná-la psicologicamente para desistir do processo.
O IFMA acabou rejeitando de forma unânime o recurso administrativo que possibilitaria o professor de voltar a dar aulas. Em nota, repudiou os assédios e se comprometeu em mapear os casos para que se prosseguissem os devidos ritos processuais.
“A escola deve se configurar como local de enfrentamento de práticas de opressão, machismo, sexismo e misoginia. É inadmissível que tais práticas sejam toleradas ou reproduzidas no ambiente escolar, devendo ser denunciadas e devidamente apuradas”, diz um trecho do texto.