sábado, 23 de novembro de 2024

Uma vida em doação de amor            


No próximo domingo, dia 12 de novembro, na comunidade do bairro São Francisco, em São Luís, será lançado, pela manhã, após a missa das sete horas, na Praça em frente à Igreja, o livro Uma vida em doação de amor, sobre Frei Antonio Sinibaldi, que, há 26 anos, deu sua vida pela dos jovens vítima de um naufrágio.
Nascido em Segni, na região do Lácio, província de Roma, Itália, no dia 26 de novembro de 1937, Antonio Sinibaldi, no transcurso de seus dezoito anos (1955), ingressou no Seminário de Fossanova, porta pela qual adentrou na Ordem dos Frades Menores Conventuais, fruto da octocentenária Ordem fundada em 1209, por Francisco, nascido Giovanni di Pietro di Bernadone, em Assis, na Itália.
Ordenado sacerdote em 17 de março de 1962, em Roma, Antonio Sinibaldi, depois de permanecer seis anos em atividades pastorais na Itália, veio para o Brasil em 1968, aqui iniciando sua missão pastoral em Bom Jardim, no Maranhão.
Em 1971, o pernambucano Dom João José da Mota e Albuquerque, Arcebispo de São Luís, entregou aos Frades Menores a responsabilidade pela recém-criada Paróquia de São Francisco. Coube a Frei Antonio Sinibaldi a missão na área, que incluía os bairros da Ponta da Areia ao Calhau, inclusive o Renascença.
Dotado de incrível serenidade, humildade, generosidade e bondade, essas virtudes disfarçavam sua capacidade de trabalho, quer como Superior dos Frades Menores Conventuais do Maranhão, no magistério no Centro Teológico, no NINHO – movimento católico em favor das mulheres que viviam na prostituição, onde prestava assistência -, em obras sociais para crianças e adolescentes, numa sala junto à igreja, ou no atendimento aos paroquianos que o demandavam para lhe levar suas angústias e sofrimentos, em busca de conforto.
Assim viveu na Ilha de São Luís seus últimos anos de vida – dezesseis -, até sua morte, nas águas do mar que molham a praia da Ilha do Medo, entre as duas ilhas.
Deu sua vida em troca da dos jovens em cuja companhia estava, a caminho da outra ilha, onde aproveitariam o feriado de 7 de setembro daquele fatídico 1987, para um retiro evangélico. De repente, o barco começa a afundar, próximo à praia da Ilha do Medo. Gritos de socorro ecoam. Frei Antonio põe-se a nadar para salvar os jovens. E o fez, até que todos estivessem seguros. Entregou, então, seu coração, cumprida a missão salvadora, em contraste com a crueldade do assassinato inominável de crianças, a que assiste o mundo, calado, omisso, por medo ou conivência, não importa. Omisso. Crime que não poderá jamais ser imputado a Frei Antônio, que não se intimidou nem pelo nome da ilha.
Diante do exemplo de Frei Antônio e das imagens que recebemos a cada minuto, em nossos aparelhos eletrônicos de comunicação, das tragédias do dia a dia, espalhadas mundo afora e em nosso derredor, vale relembrar o apelo, as palavras de esperança e fé de João Paulo II, em 5 de novembro de 1978, ao visitar Assis, a terra da Ordem à qual pertencia Frei Antônio:

  • Ajuda-nos, São Francisco de Assis. ajuda-nos a aproximar Cristo da Igreja e do mundo de hoje. Tu, que trouxeste no Teu coração os altos e baixos dos teus contemporâneos, ajuda-nos, com o coração vizinho ao coração do Redentor, a abraçar as alternativas dos homens da nossa época. Os difíceis problemas sociais, económicos e políticos, os problemas da cultura e da civilização contemporânea, todos os sofrimentos do homem de hoje, as suas dúvidas, as suas negações, as suas debandadas, as suas tensões, os seus complexos e as suas inquietações…”

Carlos Nina, advogado e jornalista.

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