Algumas pessoas adoram passear pelos corredores de supermercados, descobrir novas combinações para suas receitas, procurar marcas e produtos específicos, encontrar descontos e não ligam para as filas de estacionamento e caixa ou para a árdua tarefa de empacotar tudo e levar do mercado para o carro – do carro para casa.
Enfim, se você não está nesse time de “bons corações”, existe uma luz no fim do túnel. Não chega a ser tão avançada e inteligente quanto esse serviço da sul-coreana Tesco, mas a startup brasileira Carrinho em Casa promete fazer suas compras e entregar os produtos na sua porta em até 2 horas.
Com operação apenas em São Paulo (em bairros de alto padrão, como: Jardim Paulista, Bela Vista, Pinheiros, Moema, Vila Olímpia e outros), a solução permite ao consumidor escolher o mercado, comprar os produtos, pagar pelo aplicativo e agendar a entrega.
O empresário português Ricardo Prelhaz, um dos fundadores da startup conta que se inspirou em um serviço semelhante, o Instacart. Ele fundou a empresa ao lado de seu colega de mestrado, o americano David Grant Russell. Juntos, resolveram apostar nas compras de mercado no Brasil.
— Quando soubemos que o modelo de entrega de compras de supermercado de forma rápida estava indo tão bem lá fora resolvemos trazer o mesmo modelo aqui para o Brasil, pois acreditamos muito no potencial da ideia.
Afinal, quanto vale esse ramo? A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) estima em R$ 300 bilhões o valor da indústria supermercadista – só a cidade de São Paulo é responsável por cerca de R$ 18 bilhões. Porém, desse valor, menos de 1% das compras são feitas online.
Confira os melhore trechos da entrevista para o blog.
Vocês apostam num crescimento de até 30% das compras em mercado online. Qual a base para essa previsão?
Ricardo Prelhaz – Nos baseamos em outros mercados mais evoluídos para estudar e o que podemos implementar no Brasil e virar uma realidade no futuro. Em países como os EUA ou a Inglaterra, compras de supermercado online representam cerca de 6 a 9% do total do mercado, porém no Brasil esse número fica abaixo de 1%. É uma tendência clara e o Brasil vai acompanhar: serviços convenientes e rápidos são necessários e muito valorizados pelas pessoas.
Alguns mercados já oferecem serviços semelhantes…
Prelhaz – Vários supermercados estão tentando oferecer cada vez mais serviços de compra online. Queremos aproveitar e oferecer a Carrinho em Casa como parceiro do supermercado, o que o permite vender online e ter uma entrega mais rápida, sem ter a necessidade de fazer um investimento alto com a logística e tecnologia.
Existe algum treinamento para a equipe responsável pelas compras (chamados pelo serviço de shoppers)? Como é feita essa seleção e pagamento desses profissionais?
Prelhaz – Sim. Estamos tendo uma grande procura de pessoas interessadas em trabalhar como shoppers do Carrinho em Casa através do nosso website. Numa primeira fase, cada shopper recebe um treinamento online e um teste. Caso o candidato passe neste teste é chamado para uma entrevista e após isso, começa o seu período de teste com pedidos reais.
Basicamente, o shopper acompanha um outro membro da equipe mais experiente por cerca de uma semana, onde recebe todo o treinamento necessário que vai desde: como escolher fruta ou vegetais até embalar produtos nas sacolas. Cada shopper recebe um pagamento fixo por turno de entrega e um pagamento variável, dependendo do valor de cada pedido.
Atualmente, o serviço está disponível apenas em bairros de alto padrão, a ideia da plataforma é se manter entre esse público?
Prelhaz – Não. Nosso objetivo é expandir a quase todos os bairros de São Paulo: sabemos que por um lado em bairros com maior poder aquisitivo temos um potencial de clientes maior, por outro lado, existe muito mais disponibilidade de mercados. O mesmo não acontece em outros bairros da cidade, onde pode ser mais complicado encontrar um mercado, o que aumenta o benefício do nosso serviço para o usuário.
Ainda há um hábito do brasileiro de ir até o mercado para escolha de produtos, vocês acham que a tecnologia pode superá-lo?
Prelhaz – Sem dúvida! Nunca tivemos uma reclamação de uma verdura ou fruta mal escolhida! Os nossos shoppers são bem treinados para escolher frutas, verduras, legumes, carnes, etc. Se o produto não está em boas condições entramos em contato com o cliente perguntando se tem interesse em substituir por outro ou se prefere não levar o produto (nesse caso não fazemos qualquer cobrança no cartão do cliente).
Nosso objetivo é proporcionar mais comodidade para os clientes. Ou seja, ao invés da pessoa se deslocar e ir até o supermercado, estamos oferecendo um serviço em que uma pessoa faz este trabalho para ela, garantindo que os produtos escolhidos estão em conformidade com o pedido. Usamos profissionais para tantos serviços do nosso dia a dia como cortar o cabelo ou lavar o carro, porque não ter um profissional fazendo suas compras também?
Por outro lado, uma das coisas que vários homens odeiam é ir ao mercado. Vocês preveem um crescimento do perfil de comprador masculino?
Prelhaz – Pela nossa experiência, parece ser mais fácil convencer um homem a comprar no Carrinho em Casa do que uma mulher que ainda sente um pouco a necessidade de ir ao mercado escolher os seus produtos.
