A vitória de Edivaldo Holanda Júnior ou de Eduardo Braide?
Pelo menos a metade da população de São Luís não está satisfeita com a administração do atual prefeito. Esta afirmação é baseada em resultados de pesquisas, que, com variação de um ou dois pontos, mostra que o prefeito corre o risco de não ser reeleito.
Edivaldo Holanda Júnior é o prefeito e pode ser avaliado como tal. E ter a metade (ou quase) da população com o desejo de vê-lo fora é, ou deveria ser, preocupante pra ele e para a própria população. Ainda podemos lembrar que toda mudança é temerária. Todos têm medo do novo, da mudança e preferem se manter na zona do conforto.
Edivaldo Holanda Júnior tem suas obras como prefeito. E toda uma megaestrutura de comunicação para convencer o eleitor de que essas obras são importantes e estão acima de suas obrigações como gestor. Que elas são fruto de um esforço maior e não apenas o resultado de uma gestão normal e comum; deficitária, segundo os cerca de 50% que o desaprovam.
Eduardo Braide tem o desafio de seduzir o eleitor com suas atitudes, suas ideias, seus projetos. Braide, como diria Ortega y Gasset “é ele mesmo e sua circunstância”. Tem seu preparo teórico, sua experiência parlamentar e uma experiência como gestor da CAEMA. Braide não tem megaestrutura; longe disse, tem uma pequena, mínima estrutura de comunicação, mas que tem se mostrado eficiente. E, pessoalmente, Braide tem atitude; ele se mostra; ele não foge. Isso o levou ao segundo turno e está lhe rendendo cerca de 50% da vontade de voto do eleitor.
A reeleição de Edivaldo Holanda Júnior vai gerar para São Luís, teoricamente, a continuidade deste governo municipal. Edivaldo é a imagem de um grupo gigantesco de partidos e ideais circunstancialmente juntos. Será que pode ser um governo um pouco para mais ou um pouco para menos? Pode! O segundo nunca é igual ao primeiro. Veja Dilma, que mal iniciou o segundo mandato e foi defenestrada.
E Eduardo Braide? Este tem um desafio e uma carreira solo a cumprir. Além de tudo é de um partido pequeno, de um grupo pequeno. Alguém já escreveu que isto é uma dificuldade para se eleger e mais ainda para administrar. Talvez, possa ser, antes, uma facilidade. Nada como a liberdade e o livre arbítrio. E Braide vem sendo, politicamente, muito mobilizador. Só na hora, pra saber.
O prefeito de São Luís e o Maranhão
Para o quadro estadual, ou seja, a relação da prefeitura com o governo do estado, a vitória de Edvaldo Júnior não muda nada; nem para um lado, nem para o outro; pelo menos no cerne. Como vai ser o encerramento de um ciclo, pode vir carregada de ciúmes e de ações menos republicanas; afinal o grupo é grande! Mas, o prefeito também é jovem e, certamente, não vai querer se aposentar. Então, se reeleito, vai ter que arregaçar as mangas e mostrar muita atitude na gestão municipal. No mais, seguindo-se o curso d’água, deve seguir junto do governador Flávio Dino, rumo a 2018.
Com a vitória de Eduardo Braide, podemos ter três cenários. No primeiro, a relação com o governador pode piorar. Não há por que, uma vez que Braide e Dino nunca se desentenderam; muito pelo contrário, sempre tiveram uma relação próxima; com Braide até atuando como Líder do Governo no primeiro ano de Dino. No segundo cenário, a relação se mantém a mesma da atual, com os dois executivos trabalhando juntos, na dificuldade, em prol do povo de São Luís. Num terceiro cenário, esta relação pode melhorar, com Dino e Braide juntando forças e ampliando as competências para alavancar o desenvolvimento da cidade de São Luís e do estado do Maranhão.
Com a vitória de Braide, surge uma nova força política no estado e isso é bom. Estamos carentes disso. Veja: na eleição de 2014, a disputa pelo senado dividia as opiniões. Roberto Rocha havia se juntado ao grupo Dino, mas não era uma unanimidade no grupo; havia muita desconfiança. Esta semana, num círculo de cronistas, um deles, ligado a Gastão Vieira, revelou um comentário do então candidato ao senado, feito cerca de 15 dias antes da eleição: “se tudo continuar como está, eu to eleito”. Mas, então, Flávio Dino tomou uma atitude e deu a mão para Roberto Rocha. O resultado é que hoje, ele governa sem nenhum senador. Dar a mão não significa receber outra, assim como dar uma mão pode significar a perda de outra.
Braide vencendo pelos próprios méritos pode vir a ser um bom aliado do Governo do Estado. Não será um “pau mandado”, certamente, e sim uma força política independente que pode seguir num projeto político que mire no bem comum do povo maranhense. É unanimidade que uma boa relação entre prefeito e governador é a melhor receita. Não precisa ser de subserviência. Quando há coerência e clareza não há espaço para a traição.