segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

Meirelles nega “plano B” para reforma da Previdência

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, negou na noite de ontem que o governo tenha preparado um plano B para viabilizar a reforma da Previdência, diante do atraso na análise da proposta pelo Congresso. Segundo Meirelles, que participou nesta segunda de fórum realizado pela revista Exame para discutir as mudanças na aposentadoria, o governo foi surpreendido pela notícia de um plano B publicada por jornais.

“Não é real. Eu próprio fui surpreendido pela notícia no jornal. O Marcelo [Caetano, secretário da Previdência] também. Todos fomos surpreendidos. Ninguém tinha ouvido falar isso”, disse.

Após o evento, Meirelles reafirmou a jornalistas que o governo não pretende fazer a reforma da Previdência por medida provisória, o chamado plano B. “Temos só um plano que é o plano da reforma da Previdência por emenda constitucional. E temos trabalhado nisso.”

O secretário da Previdência, Marcelo Caetano, também negou que o governo cogite outra via para a reforma que não seja a legislativa. “Só trabalho com plano A. Na minha perspectiva, a aprovação é plano A”.

Segundo Caetano, a expectativa, com base em conversas com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) é que a reforma seja aprovada na Câmara na primeira quinzena de junho e depois siga para votação no Senado.

Para Meirelles, o eventual atraso na aprovação em relação à previsão inicial do governo não prejudicará o ajuste pretendido com a reforma. “Se houver atraso de alguns meses, não será isso que vai fazer uma diferença enorme do ponto de vista fiscal a longo prazo. No entanto, para formação da expectativa, para continuar aumentando o grau de confiança para as pessoas investirem, produzirem, consumirem, é importante que a reforma seja aprovada o mais rápido possível.”

Cenários

Durante o evento, o ministro disse que tem mantido o trabalho de convencimento de parlamentares pela aprovação das mudanças na aposentadoria. Meirelles disse apresentar dois cenários aos congressistas: o primeiro em que o Brasil cresce e gera emprego, com inflação baixa. “E ele [deputado] poderá dizer que contribuiu com isso quando disputar a eleição”, disse. O segundo cenário, segundo Meirelles, é de um Brasil sem crescimento, com inflação elevada e ameaça de desemprego.

O ministro da Fazenda voltou a afirmar que a sustentabilidade do ajuste fiscal que o governo vem fazendo dependem da aprovação das mudanças na Previdência. “Acho que as reformas já aprovadas já garantem que, a curto prazo, o Brasil entre em uma trajetória de crescimento. A questão aí é a sustentabilidade. Sem a reforma da Previdência, esse tempo fica ameaçado dentro de alguns anos, três ou quatro anos. Portanto, é importante que a reforma passe”, destacou.

Fórum de Investimentos

À noite, Meirelles seguiu para outro evento, o Fórum de Investimentos Brasil 2017, na zona sul da capital paulista. Ele voltou a falar com a imprensa, e disse que a permanência do presidente da República, Michel Temer, no cargo não está trazendo problemas para a economia do país. “Eu não vejo o menor problema na economia para uma continuidade [de Temer na Presidência], que é meu cenário base, digamos, é a probabilidade onde eu acredito que as coisas vão se desenvolver. Nesse cenário, o presidente tem patrocinado todas as reformas”, disse.

Meirelles disse ainda que em caso de saída de Temer, a política econômica do país não tem alternativa para ser mudada. “Em relação ao outro cenário [de saída de Temer], eu não acredito, mas se houver, eu não vejo ninguém aqui que teria a essa altura disposição e condições de fazer o Brasil voltar atrás. Tentar adotar postura de políticas econômicas que já fracassaram. Portanto, não vejo alternativa”, disse.

O ministro da Fazenda disse que vê condições nas atual situação política para que as reformas sejam votadas no Congresso Nacional, porque, segundo ele, o país entende que são necessárias. O ministro disse que tem a expectativa de que a reforma da Previdência seja votada ainda nesse semestre e minimizou eventuais atrasos. “Não serão alguns meses que vão fazer efeito em uma reforma da Previdência que é para durar décadas”.

 

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