Em audiência na Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, convocada pelos deputados Camilo Capiberibe (PSB), Carlos Veras (PT), Márcio Jerry (PCdoB) e Tulio Gadelha (PDT), o jornalista norte-americano Glenn Greenwald, editor do site The Intercept Brasil, reiterou hoje (25) a autenticidade do material recebido de uma fonte anônima com supostas mensagens entre o atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e membros da força-tarefa da Lava Jato entre os anos de 2015 e 2018.
“Moro não está defendendo o comportamento que ele teve, porque é impossível ele defender. Ele está fazendo algo diferente, uma tática muito cínica, ele está tentando enganar o público, dizendo que o material é falso. O interessante é que nenhuma vez Moro disse que qualquer coisa que estamos publicando foi alterada ou não é autêntica. Ele está sempre dizendo “poderia ser alterado”, afirmou o jornalista.
Famoso pelo caso Snowden, que divulgou dados secretos do governo dos Estados Unidos, Greenwald disse estar “chocado” com o material que tem em mãos, e que “em qualquer país democrático” Moro sofreria consequências graves, como perda do cargo de ministro ou proibição para exercer a função pública.
O The Intercept afirma ter recebido de uma fonte anônima o arquivo contendo mensagens em texto e áudio. Apesar dos políticos da situação criticarem a origem dos arquivos, a constituição brasileira garante o sigilo de fontes aos jornalistas.
Ontem (24), o ministro Sergio Moro anunciou que, devido a sua viagem aos Estados Unidos, não compareceria à audiência pública que as comissões de Trabalho, Administração e Serviço Público e de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados tinham marcado para esta quarta-feira (26). O convite a Moro tinha como objetivo justamente obter esclarecimentos sobre as notícias que vêm sendo publicadas pelo site Intercept, e nos últimos semanas em parceria com o jornal Folha de S.Paulo e pela rádio BandNews FM. Com a negativa do ministro, um pedido de convocação foi protocolado na Câmara dos Deputados.