Formada em 1997, a banda maranhense de reggae Mano Bantu se preparava para gravação de um novo disco e uma turnê inédita na Europa quando, em abril deste ano, uma notícia inesperada atrapalhou os planos de retorno do grupo: o falecimento precoce de Gerson da Conceição, cantor, compositor, baixista e um dos fundadores do conjunto.
No último dia 22 de abril, Gerson da Conceição foi vítima de um infarto fulminante, em São Paulo, onde morava havia mais de 15 anos. A trajetória brilhante do artista será celebrada em um grande show na próxima quinta-feira, 1º de agosto, dentro da programação da Quinta do Reggae, evento promovido pelo Museu do Reggae.
O show será realizado na Praça do Reggae (ao lado do Museu), no Centro Histórico de São Luís, e vai contar com a participação dos músicos Fauzi Baydon, Célia Sampaio, Santa Cruz, Alê Muniz, Zé Lopes, Preto Nando, Aziz Júnior, e claro, com os remanescentes da Mano Bantu.
A homenagem contará ainda com a discotecagem de vinil da Rádio Zion e Radiola Reggae, com os DJs Joaquim Zion e Marcus Vinícius, além da participação nas pick-ups de Andrezinho Vibration, Neto Miller e de Ademar Danilo, que além de DJ e jornalista, é diretor do Museu do Reggae.
A ideia do tributo partiu de Aziz Júnior e do baterista Moisés Mota, idealizador da Mano Bantu ao lado Gerson da Conceição. Amigo de Gerson da Conceição desde a década de 1980, o baterista acredita que o músico foi fundamental para difusão do reggae maranhense em todo o país.
“Isso, na verdade, é um agradecimento pelo que o Gerson fez, pelo que o Gerson representou e pelo que ainda representa através da sua música, através do seu talento individual. O Gerson, além de ser um grande músico, foi um grande compositor. Nada mais do que justo a gente fazer essa homenagem”, conta Moisés Mota.
Autor de clássicos como “Down, Down” e “Lady Aço” – músicas que integram o disco Manu Bantu, gravado em 2003, em São Paulo, pela Warner Music, com produção do lendário Tom Capone -, Gerson da Conceição se formou em música pela Faculdade Paulista de Artes (FPA) e chegou a dividir o palco com grandes nomes da música nacional e internacional, como Zeca Baleiro, Rita Benneditto, ‘U Roy’, Clinton Fearon, entre outros.
Para Aziz Júnior, além do grande legado como artista, Gerson foi um grande exemplo de ser humano.
“Gerson era uma figura de muita generosidade, que se somava a figura do músico. As pessoas gostavam muito dele porque ele era muito generoso, as pessoas gostavam de ser aproximar dele”, conta.
Aziz ressalta o grande talento de Gerson como compositor e como instrumentista pelo seu “groove” e “musicalidade peculiar” no contrabaixo.
“Era um cara que iria alçar voos ainda mais altos, mas quis o destino que sua vida fosse interrompida assim. Mas fica o legado, e é por isso que a gente tá querendo homenagear”, declara.
“O Gerson foi um dos maiores artistas da história do reggae brasileiro, não só da história do reggae maranhense. Ele estava com uma presença já respeitada e assegurada com vários artistas e ele já se preparava para uma carreira internacional. Uma homenagem merecida”, destaca Ademar Danilo.Assim que soube da ideia da homenagem ao artista, o diretor do Museu do Reggae, Ademar Danilo, abraçou de imediato a causa.
Memorial no Museu do Reggae
Importante vitrine do reggae maranhense, por reunir em um só momento cantores, bandas, grupos de dança, DJs, e toda a cadeia produtiva do reggae, como artesãs, e trancistas, a Quinta do Reggae chegou a sua terceira temporada em 2019.
A homenagem a Gerson da Conceição na próxima Quinta do Reggae vai render um registro em vídeo, que deverá compor um memorial no Museu do Reggae destinado ao artista, que está em fase de preparação.
Além dos artistas locais, a família de Gerson da Conceição foi convidada para homenagem, que vai contar com um repertório formado basicamente com as músicas escritas pelo baixista, além de uma inédita das 10 novas canções que ele pretendia gravar ainda esse ano, em seu novo projeto com a Mano Bantu.