Em abril de 2021, um avião agrícola passou em cima da comunidade de Araçá, no município de Buriti, no Maranhão, e acabou jogando a substância sobre uma criança de oito anos. André Lucas, filho da roceira Antônia Peres, ficou com ferimentos na pele – e após quase um ano do ocorrido, o menino ainda sente sintomas de fraqueza.
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A informação foi revelada pela mãe à TV Guará. “Depois daquela chuva de veneno que ele pegou, aqui e acolá ele tem umas crises de fraqueza”, afirmou. Na época, ela conta que várias outras pessoas foram atingidas, mas o mais grave foi sofrido por seu filho.
“O André Lucas ficou com ferimentos na pele, não dormia, sofreu muito. Fora os remédios que a gente tinha que comprar. (…) E aí começou a ter um mau cheiro muito forte no corpo. As outras pessoas não suportavam”, lembrou a mãe, comovida.
“Hoje, ele tá melhor, mas de lá pra cá, nunca teve saúde. Com a fraqueza, a gente tem que ir na cidade para ele tomar soro”, prossegue. Antônia revela que a criança chegou a fazer o exame no Instituto Médico Legal (IML) de Timon, mas nunca recebeu os resultados.
A comunidade fica próxima a uma plantação de soja, que recebe a pulverização. “Sempre a gente sente o cheiro do agrotóxico, sempre. Não param de jogar perto da nossa comunidade. A gente já fez várias denúncias e nunca fomos atendidos”, pontuou. “Até fome a gente passou nesse período. Minha filha me pedia comida, café, e a gente não tinha dinheiro porque tinha usado pra comprar o remédio do André Lucas”.
PL do Veneno
Na semana passada, a Câmara dos Deputados aprovou o PL 6922/2002 – apelidado de ‘PL do Veneno’ por flexibilizar o uso de agrotóxicos no país. O projeto foi aprovado por 301 votos e 150 foram contrários. De 18 deputados da bancada maranhense, apenas 3 votaram contra.