O número de inqueridos policiais entregues a justiça referentes a crimes no trânsito são alarmantes. Só de janeiro a março desse ano já foram relatados a justiça 68 inquéritos. No ano passado foram 252. São crimes que além de demorarem a ser solucionados, geralmente demandam muito tempo também para serem julgados.
Na última terça-feira, 09, a justiça condenou Rafael dos Anjos, a pouco mais de seis anos de reclusão em regime semiaberto, pelos crimes de homicídio culposo e lesão corporal gravíssima culposa. Rafael foi acusado de atropelar seis pessoas, matando três delas, em um ponto de ônibus localizado em frente ao Ceprama. O crime aconteceu em 2012 e só agora foi julgado. O condenado terá o direito de recorrer da sentença em liberdade. O fato levanta a discussão se os crimes no trânsito tem de fato uma penalidade justa.
Para quem perdeu um familiar, vítima de acidente de trânsito, fica o sentimento de impunidade ou a incerteza de que a justiça será realmente feita. É o caso da Thalia Silva. Ela é mãe do Wdysson Ruan, um bebê que tinha apenas 1 ano e 3 meses e morreu depois que foi atropelado junto com o pai, no dia 17 de março, voltando de um passeio na casa da avó, no bairro Jaracaty. O autor do atropelamento fugiu do local sem prestar socorro. Ele se apresentou a polícia, após ter passado o período de flagrante e está em liberdade. O inquérito ainda não foi concluído.
Na Delegacia de Acidentes de Trânsito da capital, estão inquéritos desde 2013 envolvendo os casos mais graves como: homicídio culposo, lesão corporal e embriaguez. Alguns deles já haviam sido concluídos, mas o Ministério Público pode pedir diligências e ai ele volta para que a demanda seja atendida. A demanda é grande e com apenas uma delegada, um escrivão e um policial para cumprir as determinações, esse processo é lento. De acordo com a delegada Rosa Maria, explica que seu trabalho também do realizados pelas perícias. “Nós dependemos de laudos periciais para nos auxiliar na investigação criminal. Então temos que aguardar todos os laudos. Cadavéricos, exame de corpo de delito, no caso de lesão corporal. Cadavérico em caso de morte, de homicídio. Perícia em local de acidente. Todos esses laudos a gente tem que aguardar para que eles sejam encaminhados com o inquérito já concluído”, explicou a delegada.
Segundo a delegada, essa mesma situação de espera de laudos vem dificultando seu trabalho de indiciamento no caso do bebê Wdysson Ruan. “Para que essa pessoa seja indiciada é necessário que o laudo pericial em local de acidente nos chegue com a conclusão de quem foi a culpa, se da vítima ou se do condutor do veículo”, afirmou Rosa Maria .
Mas quem está aprendendo a viver com dor de perder um ente querido, o que se espera é que de fato seja feita logo a justiça. “Meu filho era apenas uma criança, tinha um bom futuro pela frente. Era nosso primeiro filho. Ele não matou um cachorro. Ele matou foi uma criança, uma anjo que não fez nada pera ele. E eu quero justiça. Eu quero ele na cadeia para ele pagar pelo que ele fez porque isso não pode ficar assim”, desabafou Thalia Silva, mãe de Wdysson Ruan.