O período de férias chegou e com ele vem a “quebra” na rotina das crianças em idade escolar. É um período em que as brincadeiras e a diversão tomam conta do que antes era a hora de “ir para a escola”. Neste momento, você, pai ou mãe, pode se questionar: isso é algo prejudicial para os pequenos? Existem estratégias para manter o estímulo e o aprendizado mesmo fora do ambiente de ensino formal? Para ajudar com as dúvidas, a gestora educacional e 1ª vice-presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Maranhão (Sinepe/MA), Ana Lília Figueiredo Teles de Menezes, dá algumas orientações.
“Devemos saber que as atividades de férias devem ser apenas de fixação. Esta é uma forma de evitar a descontinuidade da rotina de estudos dos alunos. Nossa maior preocupação, nesse momento, é com os pequenos estudantes, aqueles que ainda estão em fase de alfabetização”, afirma Ana Lília.
De acordo com a gestora, para essa faixa etária em específico, uma estratégia é incluir, nas atividades de férias, situações que envolvam a interpretação de texto de forma lúdica. “Utilizando livros interessantes, que propiciam aos pais estabelecer um diálogo com a criança, é possível desenvolver a imaginação e a criatividade. Isso acontece a partir da troca de ideias, pedindo a opinião da criança, propondo um outro final para a história, descobrindo com qual personagem a criança se identifica”, explica.
Ana conta, ainda que, neste momento, não é recomendada a presença de um tutor ou professor particular. Isso porque as atividades podem ser sugeridas pelos pais dentro de um processo de conscientização do valor da aprendizagem, uma forma de uni-los e, até mesmo, auxiliar a criança no desenvolvimento de sua autonomia. “Em vez de de manter um regime de proibir as distrações, os pais podem transformar esses momentos em um tempo proveitoso com a criança, sem ser uma ‘tutoria’ e sim, uma maneira de extrair benefícios. Por que não aproveitar a convivência com os amigos, priorizando o desenvolvimento social e emocional tão necessário? Atividades de cunho social, de visitação a parentes distantes, idosos próximos e até famílias carentes num ato de solidariedade são bem-vindas. Há muito a fazer, além de estudo acadêmico e que envolve aspectos vitais na formação integral de um indivíduo que devem ser priorizados”, pontua.
Férias são momento de descansar
A afirmação feita por Ana Lília visa deixar claro que, embora exista a preocupação para que a criança se mantenha ativa, não se pode esquecer que este é um momento de descanso. Portanto, entre as orientações da especialista, está a busca por atividades ‘extra-curriculares’. “É interessante dedicar o tempo de férias àquelas aprendizagens que nós não conseguimos conciliar com o período de aulas por conta do tempo como, por exemplo, atividades que envolvam arte , como desenho, pintura, canto, música e dança, de acordo com as preferências familiares”, exemplifica.
É preciso ser intencional
A gestora orienta, também, que os pais e responsáveis sejam intencionais em suas atividades com as crianças. Embora exista uma gama de opções de materiais que estimulem o aprendizado, sejam eles virtuais e físicos, se não houver uma intenção dos pais em auxiliar no desenvolvimento da criança, a estratégia pode falhar.
“É preciso ficar claro qual é a intencionalidade. Então, se é uma aprendizagem cognitiva, interaja com atividades acadêmicas; se é aprendizagem social, exponha à convivência; se é aprendizagem emocional, permita conflitos e frustrações; se é físico para a busca de saúde, direcione atividades e exercícios físicos; se é desenvolvimento espiritual, oportunize relacionamento com o ser superior. Seja intencional naquilo que você deseja que seu filho aprenda e ficará satisfeito com o resultado da interação. Nesse período de férias, aproveite também para escutar seu filho, avaliar suas necessidades e buscar atendê-las”, finaliza.