sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

Endividamento cai, mas famílias maranhenses ainda continuam na corda bamba

O número de famílias endividadas em São Luís apresentou uma leve redução em 2024, chegando a 72,1%, o que representa uma queda de 0,8% em relação ao ano anterior. A inadimplência também caiu: 31,7% das famílias ludovicenses estão com as contas em atraso, o que representa uma redução de 2,2% em comparação com o mês e o ano anteriores. Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC Janeiro/2025) da Fecomércio Maranhão.

Em nível nacional, o cenário apresenta dados semelhantes. O percentual de famílias endividadas no Brasil caiu para 76,1%, uma redução de 0,6 ponto percentual em relação a dezembro, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio. Entretanto, 20,8% dos brasileiros gastaram mais da metade de seus rendimentos com dívidas, o maior percentual desde maio de 2024, e 30% dos rendimentos médios continuam comprometidos com pagamentos.

Essa diminuição no endividamento é vista como um reflexo da desaceleração do consumo, da alta taxa de juros e da melhora no mercado de trabalho. No entanto, a economista da Facimp Wyden, Petra Fernanda, alerta que os números devem ser analisados com cautela. “É preciso verificar se essa queda é sustentável ou se está ligada a uma maior restrição do crédito, que dificulta novos empréstimos, especialmente para quem tem menor renda”, explica a especialista.

Apesar da redução do endividamento, Petra destaca que a realidade financeira das famílias maranhenses ainda requer atenção. “A alta taxa de juros e critérios mais rígidos para concessão de crédito reduzem o endividamento porque menos pessoas conseguem empréstimos. Mas isso não significa que as famílias estejam financeiramente mais saudáveis, e sim que há mais dificuldade em acessar o crédito”, ressalta a economista. De acordo com a pesquisa, o comprometimento da renda continua alto, com as famílias gastando em média 30% de seus ganhos com dívidas, um percentual elevado devido aos juros altos. O estudo também revelou que o tempo médio de atraso nos pagamentos é de 60 dias e o tempo médio de comprometimento com as dívidas é de 6,3 meses.

PLANEJAMENTO

Ana Lúcia Vasconcellos, mãe solo de quatro filhos e funcionária pública municipal, é um exemplo de como o planejamento financeiro pode ajudar a reduzir os débitos. “Depois de cinco anos começando o ano no vermelho, entrei em 2025 com poucos débitos, e isso é uma vitória para mim e para minha família”, compartilha Ana.

Ela atribui sua melhoria financeira ao planejamento e ao controle dos gastos. “Aprendi a planejar melhor meus gastos, evitei compras por impulso e fugi dos juros do cartão de crédito. Hoje, sinto um alívio enorme e a esperança de um ano mais tranquilo para mim e para meus filhos”, comemora.

A economista Petra Fernanda compartilha ainda algumas dicas para sair do endividamento ou – melhor – para evitar cair nessa armadilha. Veja abaixo:
Controle rigoroso do consumo: Evite gastos impulsivos e adote um planejamento financeiro claro, priorizando o que é essencial.

  • Cuidado com o crédito: Evite recorrer a novos empréstimos, especialmente em tempos de alta taxa de juros. Use o crédito com responsabilidade.
  • Quitação gradual das dívidas: priorizar as dívidas com juros mais altos, em especial as do crédito rotativo, cheque especial e cartões de crédito, negociando sempre as melhores condições.
  • Monitore o acesso ao crédito: Fique atento às condições do mercado e ao crédito disponível. Adote uma abordagem mais conservadora e avalie bem as ofertas de crédito.
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