A bancada maranhense se posicionou contra a declaração do presidente Jair Bolsonaro (PSL), que afirmou nesta sexta-feira (26), que pretender cortar investimentos nos cursos de sociologia e filosofia.
Segundo Bolsonaro, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, quer “descentralizar” investimento no ensino das duas áreas para “focar em áreas que gerem retorno imediato ao contribuinte, como: veterinária, engenharia e medicina”.
Imediatamente o governador Flávio Dino (PCdoB), crítico ferrenho aos decretos bolsonaristas, disse que no Maranhão os cursos seguirão sendo respeitados.
No âmbito estadual, sempre manterei o respeito aos cursos de filosofia e sociologia. Sem ideias e pensamento crítico nenhuma sociedade se desenvolve de verdade. E não haverá o bem viver que tanto buscamos como direito de todos
— Flávio Dino 🇧🇷 (@FlavioDino) April 26, 2019
A senadora Eliziane Gama (CIDA), publicou uma sequência de mensagens, afirmando ser inconcebível alterar os investimentos na educação. “Esse ataque é extremamente elitista, primeiro por que nenhuma escola particular que atende a elite brasileira vai tirar essas disciplinas de sua grade curricular. Segundo por que serão os alunos de escola pública que sofrerão com uma educação desprovida de crítica”, afirmou a maranhense.
O presidente ao invés de está atacando os honrados profissionais e alunos de filosofia e sociologia deveria dormir e acordar pensando em formas de mitigar o desemprego que assola a nação, isso sim um problema real e não estes problemas que parecem criados para tirar foco.
— Eliziane Gama (@elizianegama) April 26, 2019
Já o deputado federal Márcio Jerry (PCdoB), afirmou que a medida de Bolsonaro é simplesmente “estúpida”.
O presidenete @jairbolsonaro descobriu como resolver os graves e crescentes problemas do Brasil: retirar as disciplinas de sociologia e filosofia da grade curricular. A que nível chegamos ! Brasil sendo envergonhado todos os dias.
— Márcio Jerry 🇧🇷🇧🇷 (@marciojerry) April 26, 2019
Com menos de quatro meses, a pasta da Educação já está em com seu segundo ministro. Bolsonaro demitiu no dia 8 de abril Ricardo Vélez Rodríguez, um professor colombiano pouco conhecido na âmbito acadêmico, que teve sua efêmera participação no alto escalão do governo marcada por diversas polêmicas.
Em fevereiro ele chegou a dizer que “o brasileiro viajando é um canibal. Rouba coisas dos hotéis, rouba o assento salva-vidas do avião; ele acha que sai de casa e pode carregar tudo”. Notificado pela ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF) para se explicar, ele escreveu no Twitter que “ama o Brasil e nosso povo”.
Outro episódio marcante foi a revelação de um e-mail do ministro pedindo aos gestores de escolas que enviassem ao MEC vídeos mostrando as crianças cantando o Hino Nacional e lendo o slogan da campanha eleitoral de Bolsonaro. O Ministério Público Federal pediu explicações sobre a medida considerada como improbidade administrativa por diversos juristas. Vélez acabou recuando.
Entre as confusões, Vélez anunciou dois novos secretários executivos que não foram aceitos pelo governo. Uma delas, a educadora evangélica Iolene Lima, demitida antes de ter assumido. Em seguida, a secretária da Educação Básica, Tânia Leme de Almeida, pediu para deixar o MEC após descobrir, por meio de reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, que o nível de alfabetização das crianças não seria mais avaliado.
Ao anunciar Abraham Weintraub como novo ministro da Educação, Bolsonaro afirmou que “Abraham é doutor, professor universitário e possui ampla experiência em gestão e o conhecimento necessário para a pasta. Aproveito para agradecer ao Prof. Vélez pelos serviços prestados”.
Weintraub é executivo do mercado financeiro, com mais de 20 anos de experiência. Foi diretor estatutário do banco Votorantim, presidente da Votorantim Corretora no Brasil e da Votorantim Securities no Estados Unidos e na Inglaterra, além de ter sido economista chefe por mais de 10 anos. Não há em seu currículo formação ou experiência em gestão de políticas educacionais. O que ele entende de educação é o que aprendeu com o guru Olavo de Carvalho. Defende que militantes de direita devem adaptar as teorias olavistas para vencer os embates teóricos com os militantes de esquerda. Principalmente no âmbito das universidades.