quarta-feira, 11 de junho de 2025

Mauro Cid diz que Bolsonaro leu e alterou minuta de golpe

Durante interrogatório nesta segunda-feira (9), o ex-ajudante de ordens Mauro Cid afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro recebeu, leu e fez alterações na minuta que previa medidas para anular o resultado das eleições de 2022. O documento incluía a decretação de estado de sítio e a prisão de autoridades, entre elas o ministro Alexandre de Moraes — o único mantido na versão final redigida por Bolsonaro, segundo Cid.

A oitiva ocorreu no Supremo Tribunal Federal, como parte do julgamento da tentativa de golpe de Estado, e foi a primeira transmitida ao vivo na história do STF. Cid, delator do caso, confirmou reuniões entre Bolsonaro, o ex-assessor Filipe Martins e um jurista, nas quais a minuta foi discutida. Também disse que o documento foi apresentado a comandantes militares, incluindo Almir Garnier, que teria se mostrado disposto a apoiar Bolsonaro, ao contrário do Exército.

Cid relatou que Bolsonaro pressionou o então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, a modificar o relatório sobre as urnas eletrônicas para sugerir possível fraude, o que não foi comprovado.

Além de Bolsonaro, são réus no processo nomes como Anderson Torres, Augusto Heleno, Braga Netto e Alexandre Ramagem, acusados de crimes como tentativa de golpe, organização criminosa armada e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

Cid também foi questionado sobre supostos planos para os atos de 8 de janeiro e a proposta de prisão de Lula, Alckmin e Moraes — os quais negou ter discutido com Bolsonaro. Já sobre o general Braga Netto, confirmou o envio de dinheiro em uma caixa de vinho para apoiar manifestações, mas disse que, à época, não viu a ação como criminosa.

Bolsonaro, por sua vez, declarou a jornalistas que não convocou o Conselho da República e negou qualquer preparação para golpe. “Estou com a consciência tranquila”, disse.

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