O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, se reuniu nesta quarta-feira (12), com o grupo de especialistas da dengue para avaliar e aprimorar as ações de controle da doença no Brasil. “A partir dessa escuta, estamos analisando as ações, em parceria com a sociedade, estados e municípios. Nosso foco é cuidar das pessoas, reduzir o risco de casos graves e evitar óbitos. O alerta deve ser permanente, não podemos baixar a guarda”, observou o ministro Padilha. A reunião discutiu a tomada de decisões baseadas em evidências, além de propostas e diretrizes para uma resposta nacional conjunta contra a dengue.
Participaram integrantes da Câmara Técnica de Assessoramento (CTA) em Arboviroses do Ministério da Saúde, composta por profissionais do SUS, cientistas e organizações da sociedade civil. Também estavam representantes da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), dos conselhos Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) e da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), além da Central Única das Favelas (Cufa) e a União de Mães de Anjo, que representam a população no enfrentamento ao Aedes aegypti. Ao todo, são 17 titulares e suplentes envolvidos na elaboração e discussão de políticas públicas para a prevenção, vigilância e controle das arboviroses.
Fernando Avendanho, assessor técnico do Conass, destacou a importância de manter a vigilância epidemiológica fortalecida e de garantir o manejo clínico adequado dos pacientes. “Precisamos insistir na necessidade de reforçar o controle vetorial no momento certo e conscientizar a população sobre a gravidade da dengue. O Ministério da Saúde tem trabalhado intensamente nesse tema, mas as ações ainda precisam ser fortalecidas”, pontuou.
Maria Cynthia Braga, representante da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), defendeu o aprimoramento do modelo de vigilância. “O cenário epidemiológico mudou significativamente nos últimos anos, mas o sistema de vigilância permanece praticamente o mesmo desde sua criação. Precisamos investir em novas estratégias que permitam antecipar surtos e epidemias, garantindo respostas mais rápidas e eficazes”, afirmou.
A representante da União de Mães de Anjo, Germana Soares, também reforçou a importância do diálogo constante com as comunidades afetadas. “Manter essa proximidade com quem está na linha de frente facilita a comunicação e garante que as ações tenham um efeito real. O Brasil ainda enfrenta desafios semelhantes aos de 10 anos atrás e a continuidade do trabalho conjunto é fundamental para vencê-los”, ressaltou Germana.
Durante a reunião, Rivaldo Venâncio, secretário-adjunto da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente e especialista em Medicina Tropical pela Fiocruz, apresentou um panorama atualizado da dengue no país. Segundo ele, as 10 primeiras semanas de 2025 registraram uma redução no número de casos prováveis da doença, segundo os dados enviados até o momento pelos estados e municípios. “Foram notificados aproximadamente 550 mil casos prováveis, o que representa uma queda de cerca de 70% em relação ao mesmo período de 2024, quando tivemos cerca de 2 milhões de casos”, explicou Venâncio.
O especialista destacou, no entanto, que o número ainda preocupa. “A grande questão que se coloca para todos nós é: quais fatores levaram a essa redução? Um fator relevante foi a diminuição da população suscetível, após a grande epidemia de 2024. Além disso, a retomada das atividades dos Agentes de Combate às Endemias teve um impacto significativo, assim como o fortalecimento da atuação tripartite entre União, estados e municípios”, disse.