Batizado Wilson Nonato de Souza, o Bita do Barão faleceu hoje no hospital de Teresina. Popular entre políticos, ele tinha uma cartela de serviços que vai além dos pedidos comuns feitos a um pai de santo. Ao invés de trazer um amor perdido de volta ou dar sucesso pros negócios, ele ficou famoso no país por atrair políticos em busca de uma única encomenda: vencer as eleições.
Seus principais clientes eram José Sarney e sua filha, Roseana, pilares do clã do MDB que por décadas comandaram o Maranhão e ocuparam postos importantes na República brasileira. Os dois recorrerem ao babalorixá há pelo menos uns quarenta anos, seja em véspera de pleitos, seja por questões de saúde.
Bita do Barão era adepto do terecô, liturgia que mistura técnicas de umbanda, magia negra e rituais indígenas. Tal qual um coronel, ele recebia a visita de vereadores, prefeitos e juízes em seu centro, que ocupava todo um quarteirão na cidade Codó. O religioso usava vestimentas feitas de renda francesa, colecionava porcelanas chinesas e pagava do próprio bolso viagens de familiares para destinos como Dubai, Israel e Itália.
Como nada cai do céu de graça, todo esse luxo se deve ao retorno financeiro trazido por seus “trabalhos”. Conhecido por curar tudo quanto é tipo de doença, Bita do Barão contava que já levantou defunto de dentro do caixão.
Uma consulta custava algo em torno de R$ 1.000 (em espécie; as entidades não aceitam cartão). Quando avaliava que o caso requer um serviço extra, os valores podiam saltar para R$ 5 000 reais — além dos gastos com os animais usados nos sacrifícios.
O pai de santo fez fortuna, Bita do Barão é dono de cinco fazendas, um hotel e um posto de gasolina, entre outros negócios. Sobre seus trabalhos de umbanda dizia que era especializado em trabalhar o lado “direito”, do bem, a favor de objetivos positivos e sem o uso de bichos.
O velório do pai de santo será realizado na cidade de Codó, na residência dele, localizada na Rua Rui Barbosa. A família já está providenciando o transporte do corpo.
