Depois de ter sido finalista do prêmio Jabuti edição 2021, o poeta e jornalista maranhense Eduardo Júlio apresenta, nesta sexta-feira (27), às 19h, na tabacaria, bar e café Faladeli (Rua do Egito – Centro), o seu terceiro livro de poemas: “O sopro do lugar junto ao tempo”. O lançamento terá a participação do DJ Jorge Choairy, com uma programação de rock e música brasileira.
Assim como no livro “O mar que restou nos olhos”, a nova publicação traz o selo da editora carioca 7Letras e é composta de 43 poemas, a maioria elaborada nos últimos dois anos, ou seja, no período mais intenso da pandemia. “Os poemas foram motivados pela rotina de observar a cidade ou o mundo pela janela, de refletir sobre a existência, tentando transpor o limite do alcance da vista”, afirma o autor.
Obviamente, a maior parte dos textos trata da clausura pandêmica e da consequente fuga imaginária provocada pela reclusão. Entretanto, Eduardo Júlio enfatiza que o leitor nem sempre vai encontrar uma relação tão direta com a pandemia, mas muito mais com as condições de temor, incerteza e volatilidade existentes no mundo atual. “A imprevisibilidade aparece como metáfora ou como narrativa”, completa.
A referência ao mar continua, a exemplo do poema de abertura (cujo título é homônimo ao livro anterior), mas a citação às ondas aparece mais esporádica, embora continue a marcar a poética do autor, exatamente como confirma o poeta Samuel Marinho no texto da orelha: “O encantamento com as águas, que inebria ainda mais o texto toda vez que o poeta carrega o mar em seus versos, talvez seja reflexo de uma poética que se realiza a partir de ausências. Fato é que, tendo passado a infância em lugares mais áridos, ao chegar a estes tristes trópicos, o poeta se rendeu à ‘transpiração fascinante de grandes ondas quebradas’ e toda sorte de sensações litorais”.
Outro conjunto de poemas remete à memória da infância passada no Oriente Médio, na cidade de Basra, no Sul do Iraque, onde viveu com os pais por cinco anos. “Com o passar do tempo, detalhes dessa experiência surpreendentemente voltaram à memória, como se tivessem acontecido há pouco tempo, sendo reelaborados em forma de poesia”, ressalta.
No prefácio, de autoria do também poeta e jornalista Félix Alberto Lima, são destacados os variados caminhos sugeridos em “O sopro do lugar junto ao tempo”. “Este terceiro livro de poemas de Eduardo Júlio respira e transpira fora do quarteirão da quarentena. Nele, o autor, com sua rajada de versos, irrompe a espessa casca do espaço-tempo: de um lado, uma nuvem sobre a sala, as cidades que habitam o poeta, a montanha à espreita e o mar além; de outro, a miragem líquida de anteontem, a poeira no deserto dos olhos no presente e o atalho nefando para o amanhã que não ri, que não rima”, reflete Félix Alberto.