Declarações do ex-presidente foram compartilhadas por Jair Bolsonaro nas redes sociais
O ex-presidente José Sarney afirmou, em entrevista publicada no último fim de semana pela revista Veja, que não considera o ataque às sedes dos Três Poderes, ocorrido em 8 de janeiro de 2023, uma tentativa de golpe de Estado. Segundo ele, o episódio deve ser interpretado dentro de um contexto mais amplo de “excesso de judicialização da política e de politização da Justiça”.
As declarações repercutiram rapidamente nas redes sociais e foram compartilhadas pelo também ex-presidente Jair Bolsonaro, que é investigado por sua suposta participação nos atos antidemocráticos daquele dia.
Sarney criticou as decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) em relação aos envolvidos, especialmente as penas de prisão. “Enquanto nós tivermos o sistema penitenciário que temos, ele será uma escola de crime”, disse, defendendo a aplicação de punições alternativas ao encarceramento.
Sobre os processos que envolvem Bolsonaro e militares de alta patente, Sarney disse não conhecer os detalhes, mas afirmou que, se houver culpados, devem ser punidos, e, se inocentes, absolvidos.
O ex-presidente ainda citou o ministro aposentado do STF, Nelson Jobim, ao criticar o que considera ativismo judicial. “O Judiciário não ficou imune à judicialização da política nem à politização da Justiça”, afirmou. Ele atribuiu aos partidos políticos a responsabilidade por transferirem ao Judiciário decisões que deveriam ser resolvidas no campo político.
As declarações de Sarney ocorrem em um momento de intenso debate sobre os limites entre os poderes e a atuação do STF em casos relacionados à crise institucional que marcou o fim do governo Bolsonaro.
