sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

Síndrome que deixa crianças refugiadas em estado de coma se alastra pela Suécia

Na Suécia, uma síndrome que se alastra entre crianças refugiadas preocupa as autoridades de saúde. É a chamada “síndrome da resignação” — ou uppgivenhetssyndrom —, que se manifesta depois que os meninos e meninas são informados de que serão deportados. Os pacientes entram em estado de coma e passam a apresentar sinais como apatia, mudez, imobilidade, perda de tônus muscular e incapacidade de comer e beber. A longo prazo, permanecem de cama ou em cadeiras de rodas e têm de ser alimentados por sondas.

Acredita-se que a síndrome exista apenas no país escandinavo, onde mais de 400 crianças e adolescentes de idades entre 8 e 15 anos foram diagnosticados desde 2005. De acordo com o jornal médico Acta Paediatrica, um dos mais renomados da pediatria mundial, só em 2016 foram mais de 60 pacientes.

Os especialistas descrevem a doença como “vontade de morrer”. Estímulos que costumam obter bons resultados nos pacientes em coma não deram certo com os diagnosticados com a síndrome da resignação, mas outras avaliações mostraram que as crianças e adolescentes refugiados não sofreram nenhum dano cerebral.

Para os médicos, o distúrbio está diretamente ligado ao medo que os meninos e meninas têm de voltar ao seu país de origem, onde estariam em perigo, além da insegurança de ter de se adaptar a uma nova sociedade depois de já terem se ajustado à realidade na Suécia. A maioria dos afetados vem de repúblicas que pertenciam às antigas Iugoslávia e União Soviética.

Segundo reportagem publicada pela revista The New Yorker, um fenômeno semelhante já havia sido observado entre prisioneiros dos campos de concentração nazistas.

A única cura possível para a síndrome da resignação seria que as famílias dos pacientes recebessem vistos de residência para continuar na Suécia — algo que, inclusive, já é reconhecido pelo Conselho Sueco de Saúde e Bem-Estar.

A melhora na saúde das crianças e adolescentes costuma ser observada meses após suas famílias receberem a reposta de que podem permanecer no país. Há relatos, por outro lado, de que meninos e meninas diagnosticados com o distúrbio que tiveram de ser deportados continuam em estado de coma bastante tempo após voltarem a seu país de origem.

País é recordista em pedidos de asilo: Entre 2015 e 2016, a Suécia recebeu mais de 160 mil pedidos de refúgio — mais do que qualquer país da Europa comparativamente ao tamanho de sua população.  A Agência de Migração Sueca afirma que o país deu asilo a mais de 180 mil refugiados em 2015, o que representa mais que o dobro do total em 2014. 

 

Atualmente, as autoridades do país sofrem para abrigar todos os refugiados em condições seguras: hotéis, escolas desativadas e antigos prédios foram transformados em abrigos temporários para imigrantes que ainda não obtiveram uma resposta para seu pedido de asilo.

Para conter a imigração, o país passou a adotar regras mais restritas no recebimento de refugiados. O controle surtiu efeito e diminuiu a chegada de imigrantes de 10 mil para 800 por semana no último ano.

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