quinta-feira, 25 de abril de 2024

Suspeita de tráfico de influência no governo do estado teria motivado assassinato de assessor de Beto Castro

vítima seria um vereador do interior do Maranhão

O caso da execução do empresário João Bosco Sobrinho Oliveira ganhou novos rumos desde que o principal suspeito de atirar na vítima se entregou, na tarde desta segunda-feira (29), na sede da Superintendência de Homicídios e Proteção à Pessoa (SHPP), localizada na Avenida Beira-Mar, Centro Histórico de São Luís. Agora, a polícia segue também uma outra linha de investigação: tráfico de influência por conta de uma recurso financeiro junto à Secretaria Estadual de Educação (Seduc).

Após se entregar na presença do advogado, o empresário Gilbson César Soares Cutrim Júnior foi preso por força de um mandado de prisão temporária por 30 dias, por conta do assassinato cometido no dia 19 de agosto, em um edifíco comercial, no bairro Ponta d’Areia.

Durante depoimento e, Gilbson Júnior disse que o vereador Beto Castro estava exigindo 50% de um pagamento de R$ 778 mil da Secretaria de Educação do Estado (Seduc), o que acabou se desenvolvendo para o crime de homicídio.

Em depoimento, Gilbson afirmou que há 45 dias um advogado chamado “Jean”, que ele também conhece, pediu uma ajuda na liberação de um valor que a Secretaria de Educação devia à empresa de segurança H. C EIRELI.

O atirador ainda disse que Jean lhe daria 30% do dinheiro. Gibson garntiu ao advogado que teria que envolver mais uma pessoa nesta negociação, que seria o vereador Beto Castro, pois tem influência política e poderia ajudar na liberação do recurso financeiro.

Jean teria concordado e Gilbson disse, em depoimento, que acionou o verador Beto Castro, afirmando que daria a ele 20% do valor recebido, caso conseguisse a liberação do pagamento junto à Seduc, que seria um total R$ 778 mil. Ele também revelou que o parlamentar municipal aceitou a proposta e começou a agir para a liberação do recurso da Secretaria Estadual de Educação.

Dois dias antes do crime

Já no dia 17 de agosto, segundo informações narradas em depoimento por Gilbson, o vereador Beto Castro queria mudar o valor a ser recebido e aumentou de 20% para 50%, e exigindo o dinheiro de qualquer maneira. O suspeito contou que não tinha como o advogado Jean aumentar o valor.

Ainda em depoimento Gilbson Júnior disse que a cada meia hora, nesse dia, Beto Castro ligava e sempre com a mesma conversa, exigindo os 50%. Em uma das vezes, o vereador passou o telefone para um cobrador: o Bosco, o qual não conhecia pessoalmente, mas já tinha noção de quem se tratava, pois ele era conhecido cobrador aqui da cidade e tinha fama de que era cobrador pessoal de Beto Castro, inclusive, tendo recebido uma comenda na Câmara Municipal de São Luís, por indicação do parlamentar.

Dia do crime

No dia 19, sexta-feira – dia do crime, por volta das 8h, ao ligar seu celular, Gilbson Júnior, em depoimento, contou que viu várias ligações de Beto Castro, que ligou mais uma vez e ele atendeu. Na conversa, o vereador teria dito que era para resolver a situação de uma vez, passando o celular para o Bosco.

A vítima do assassinato perguntou onde Gilbson estava, pois queria se encontrar com ele para resolver imediatamente o problema.

Ainda em depoimento, o atirador disse que Bosco sabia tudo de sua vida, que ele tinha dois filhos, que sabia do seu endereço, sabia onde os filhos estudavam, ameaçando de sequestrar o filho mais novo, de 9 anos, caso não pagasse.

Gilbson Júnior contou à polícia que por conta das ameaças, principalmente contra seus filhos, ficou desesperado, pegou uma arma que estava guardada em sua casa e saiu, levando uma pistola calibre .40, marca Taurus.

Ainda em depoimento, Gilbson Júnior revelou que Beto Castro ficou ligando para o irmão e também para o pai dele, com o qual discutiu. Foi então marcada uma reunião no Edifício, na Ponta da Areia.

Eles se encontraram, Beto Castro, Bosco e Gilbson Júnior, em uma mesa de um café. Depois de uma rápida e áspera conversa, Júnior afirmou que decidiu ir embora e levantou da mesa para retornar ao seu carro, que estava estacionado em um empório de carnes, que fica ao lado do edifício. Disse que enquanto caminhava, Beto Castro e Bosco o acompanhavam e tentavam convencê-lo a ir até o carro do vereador.

Segundo o suspeito do crime, Bosco e Beto Castro não o deixavam ir embora. No caminho, de acordo com depoimento de Gilbson, Beto teria falado para Bosco resolver “isso hoje. Esse cara vai fazer tudo que ele disse”.

Gilbson disse que o Bosco falou assim: “Beto, deixa de mão, deixa comigo; vou agarrar o filho dele hoje mesmo”.

Júnior revelou que nessa nessa hora ficou transtornado, imaginando Bosco sequestrando o filho, e acabou tirando a pistola da sua bolsa e atirando por três vezes contra a vítima, que vinha andando atrás dele e do parlamentar. Em seguida, foi na direção do seu carro e fugiu, jogando a pistola de cima da ponte do Jaracati, tendo a arma caído no mar. O inquérito prossegue e a polícia, agora, deve ouvir o vereador Beto Castro.

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