No último domingo (23), a travesti conhecida como Paulinha foi encontrada morta no bairro Santo Antônio, em Timon. A equipe de Plantão da Polícia Civil foi comunicada de um possível homicídio às 15h30 daquele dia e, ao chegar no local, a vítima estava sem vida, com um pedaço de madeira na boca e sem as partes de baixo da vestimenta.
O caso está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios de Timon. As primeiras informações é que a vítima teria sido morta a pauladas. A polícia não localizou parentes ou pessoas próximas de Paulinha que poderiam ajudar a identificar o corpo. A Comissão de Diversidade Sexual e Gênero da OAB ainda não conseguiu contato com familiares e o caso foi direcionado do Observatório LGBTI.
Apesar de a polícia ainda não ter um suspeito, testemunhas relatam ter visto um homem magro, de corpo definido e com tatuagens no corpo, trajando um calção vermelho. No Boletim de Ocorrência, consta que há câmeras nas proximidades cujas imagens estão sendo analisadas.
Em nota, a Polícia Civil do Maranhão (PC,MA) que, nos próximos dias, testemunhas e familiares da vítima devem ser ouvidas e que, até o momento, não houve nenhuma prisão relacionada ao caso.
Procurada pela reportagem, a presidenta da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), Keila Simpson, o caso de Paulinha remete ao assassinato de Dandara, ocorrido em 2017, no Ceará. A travesti foi espancada e assassinada a tiros.
“A gente já tá tão anestesiada com essas mortes e quando acontece a gente lamenta e fica esperando os desdobramentos, que quase sempre dão em nada. Mas, de fato, é muito triste”, desabafa Keila. “A gente vê que cinco anos depois nada mudou. As coisas acontecem do mesmo jeito e há poucas expectativas de mudança”, pontua.
De acordo com o levantamento da ANTRA, o Brasil registrou 89 mortes de pessoas trans somente no primeiro semestre de 2021 – destes, 80 assassinatos e nove suicídios. Houve, no mesmo período, 33 tentativas de assassinato e 27 violações de direitos humanos.