Erroneamente chamado de chip da beleza, o implante de gestrinona é uma terapia hormonal não convencional e não aprovada pela maioria dos órgãos públicos e associações médicas mundiais. Inicialmente usado na terapia da endometriose, o hormônio foi lançado em forma de implante com o objetivo de contracepção, controle da TPM e reposição hormonal pós menopausa. Devido aos seus efeitos androgênicos (como diminuição de gordura e aumento de massa muscular), esse implante tem ganhado fama entre as mulheres que buscam melhora do desempenho físico e estético. Entretanto, as indicações inadequadas, que muitas vezes ocorrem em academias, tem sido motivo de grande preocupação médica, uma vez que as novas adeptas buscam o implante pela pela finalidade estética como uma promessa mágica de ganho de massa muscular e aumento de performance física.
O que é Gestrinona? Quais os seus efeitos?
Gestrinona é um hormônio esteroide progestágeno sintético derivado da 19- nortestosterona que possui propriedade androgênicas, antiestrogênicas, antiprogestogênica e de inibição da liberação de gonadotrofina.
Efeitos
– Contracepção
– Interrupção da menstruação
– Aumento da libido
– Tratamento da endometriose
– Aumento de massa muscular
– Diminuição da gordura corporal
Possíveis efeitos adversos
– Aumento de oleosidade de pele
– Acne
– Aumento de pelos
– Queda de cabelo
– Aumento do colesterol
– Mudança do timbre da voz
– Aumento do clitóris
Quais são as contraindicações?
– Doenças cardíacas
– Dislipidemia
– Diabetes
– Insuficiência Renal
– Insuficiência Hepática
– Obesidade
– Gravidez e Lactantes
Por que e por quem não é aprovada?
A gestrinona foi estudada sob administração por via oral e para tratamento da endometriose, portanto, não existem estudos referentes ao seu uso parenteral, em especial, por meio de implantes. Além disso, gestrinona é um hormônio complexo o qual os mecanismo de ação e farmacocinéticas não são esclarecidos. A ausência de estudos de longa duração que mostram sua real eficácia e segurança é o principal motivo para sua desaprovação.
Somado ao pouco conhecimento sobre o hormônio, temos o fato dele ser sinteticamente manipulado sem regulamentação rigorosa e específica, pois não há aprovação de órgãos reguladores como Anvisa, FDA (americano), EMEA (europeu). O resultado disso são problemas de segurança e controle quanto a superdosagem ou subdosagem, presença de impureza , esterilidade e falta de rótulos descrevendo riscos.
Dessa maneira, o implante de gestrinona não é uma opção recomendada pela Comissão Nacional Especializada de Climatério da Febrasgo por não obedecer a padronização de medicamentos hormonais comercializados no Brasil, por não ter aprovação pela ANVISA e, ainda, por não haver publicações de dados referentes à sua eficácia e segurança na literatura científica médica.
Além da Febrasgo, outras associações médicas não aprovam o uso, como é o caso da Sociedade Internacional de Menopausa (IMS), da Sociedade Americana de Menopausa (NAMS) e da Endocrine Society (Sociedade de Endocrinologia Americana).
* Dica do especialista: César Fernandes, presidente da Febrasgo, afirma que a indicação de um implante hormonal manipulado não é algo proibido ou negativo. Contudo, diz que o ginecologista deve deixar claro para a paciente a motivação para a decisão e o motivo de não indicar métodos mais consagrados e respaldados pela literatura científica, como pílula, DIU (Dispositivo Intrauterino) e até mesmo o outro implante hormonal disponível no mercado, à base de etonogestrel.