Será lançado, nessa sexta-feira (5), em São Luís, o livro “O menino azul e a borboleta cor de rosa: uma história sobre autismo”, da médica pediatra Dulce Góes, que é maranhense. Adaptada para crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), a obra conta as aventuras de “Lulu”, personagem baseado em um paciente da autora. O lançamento acontecerá na Livraria e Espaço Cultural AMEI, no São Luís Shopping.
Formada em 1982 na Universidade Federal do Maranhão (Ufma), a pediatra teve a ideia de escrever o livro a partir de uma experiência ocorrida em Brasília, no Distrito Federal, quando estava fazendo as unhas em um salão. Lá, uma manicure começou a falar sobre o filho, que, nas palavras dela, era diferente, tímido e fazia movimentos repetidos. Suspeitando de que poderia ser autismo, a médica pediu para que a profissional levasse o menino para uma consulta clínica, a fim de examinar o garoto, que na época tinha 6 anos. “Hoje, ele está com 17 anos. Ele é um excelente nadador, nada muito bem. O “Lulu” do livro é ele, o Lucas, que despertou em mim essa paixão pelo estudo do autismo. O lançamento do livro aconteceu em Brasília, durante o auge da pandemia, mas de forma virtual. O primeiro lançamento presencial da obra será aqui em São Luís, onde nasci e me formei. Então, o livro conta a história desse paciente. Ele é o menino azul e a borboleta cor de rosa seria eu”, comentou Dulce Góes.
Segundo a autora, durante o lançamento, ela vai exibir vídeos do paciente junto com a mãe. E, além disso, um terapeuta falará um pouco sobre como é o tratamento de uma criança com TEA, abordando os vários aspectos dessa abordagem, incluindo a ABA (sigla em inglês para Applied Behavior Analysis — em português, análise aplicada do comportamento). Convém ressaltar que o tratamento para autismo é personalizado e interdisciplinar, ou seja, além da psicologia, pacientes podem se beneficiar com intervenções de fonoaudiologia, terapia ocupacional, entre outros profissionais, conforme a necessidade de cada autista.
Sobre o autismo
De acordo com a médica, Há aproximadamente 15 anos, a incidência era de 1 criança para cada mil que nasciam. Hoje, essa incidência é de 1 para cada 54 crianças nascidas. Ela fez questão de frisar acerca da base genética para o transtorno. “No entanto, quando fazemos uma pesquisa familiar, verificarmos que há um pai, um irmão, um tio ou um primo distante que preenche essas características, embora não tenha recebido o diagnóstico de autismo. Por que isso acontece, esse aumento na incidência? Não existe uma resposta pronta. A gente sabe que isso está relacionado dentro da genética, com vários gatilhos que fazem o autismo se manifestar”, explicou a escritora.
A autora do livro também destacou outros aspectos, como a ingestão de medicamentos pela mãe durante a gestação. “Dentro da medicina que estudo, que é a integrativa, verificamos vários pontos, como o uso precoce de medicamentos na infância. A criança toma muitos antibióticos, muito corticoide, nos primeiros meses de vida. Podemos falar, ainda, em traumas emocionais, intoxicação por metais como mercúrio, chumbo e alumínio por meio de águas contaminadas. E a questão da inflamação relacionada com a alimentação. Hoje, simplesmente o menino abre um pacote de salgadinhos e consome de forma absurda. E ainda tem comida processada”, enfatizou Dulce Góes.
Esse e outros tópicos serão abordados pela médica pediatra no lançamento do livro, que será realizado às 19h, na Livraria AMEI. Durante o evento, acontecerá a sessão de autógrafos.