Uma é a exposição Carmem Miranda – A Pequena Notável, do historiador, pesquisador e artista plástico, Antônio Miranda, que está em cartaz na cidade balneária de Ribamar, no Centro de Cultura e Turismo. A outra é Elke, em cartaz no Centro Cultural Vale Maranhão, em São Luís. As duas mostram detalhes da vida e arte de duas mulheres de épocas diferentes: Carmem Miranda é de 1909, Elke Maravilha de 1945, mas que tem em comum o fato de serem estrangeiras que vieram na infância para o Brasil e se tornaram ícones atemporais do país.
A PEQUENA NOTÁVEL
Carmem Miranda nasceu na cidade portuguesa Marco de Canaveses e chegou em terras brasileiras ainda bebê. Ela costumava dizer: “Sou brasileira, apenas nasci em Portugal”. Sua biografia aponta que o seu primeiro grande sucesso foi a marchinha “Pra você gostar de Mim”, gravada em 1930; em 1939 ela foi viver nos Estados Unidos, aos 30 anos. Por lá, participou de musicais da Broadway, fez sucesso em filmes, até ser encontrada morta em 1955, em sua casa em Beverly Hills, devido a um ataque cardíaco fulminante.
Na cidade de Ribamar (Grande São Luís), no Centro de Cultura e Turismo, na praça Amadeu Freitas Filho, em frente a prefeitura municipal, o visitante pode ver de perto todo glamour da artista na exposição “Carmem Miranda – A Pequena Notável”, criação do historiador, pesquisador e artista plástico, Antônio Miranda.
São 36 figurinos miniaturizados, reproduzindo com riqueza de detalhes as roupas que imortalizaram a estrela. “A ideia da exposição surgiu quando a primeira dama de Ribamar, Gilvana Duailibe, viu o material que possuo e achou conveniente realizar a mostra pra que todos conhecessem Carmem Miranda”, explicou.
Quem visitar a exposição, vai ver, além das 36 bonecas Barbie vestidas com o figurino miniaturizado idênticos aos dos filmes de Carmem Miranda, outros tesouros do acervo pessoal de Antônio. São eles: três álbuns de fotografias, estojos dos cinco filmes brasileiros e dos 14 americanos, antigos LPs com músicas da artista, livros sobre a vida da mesma, desenhos do artista e ainda quatro réplicas dos turbantes em tamanho original que ela usou nos seus filmes americanos.
Sobre a criação dos figurinos miniaturizados, Antônio Miranda conta que tem que prestar atenção nos detalhes. “Cada figurino leva pelo menos uma semana para ser feito, pois eu estudo o filme, vejo cada detalhe da cena, em diferentes ângulos”, diz.
Antônio Miranda conta que as peças fazem parte de sua coleção pessoal e que a exposição vem sendo construída há muitos anos. “Venho montando a exposição desde quando eu estava no Rio de Janeiro, servindo a Marinha”, relembra. E continua: “Lá ouvi falar da Carmem Miranda, e quis saber quem era essa famosa que tinha o sobrenome igual ao meu”, confessa. “Na época, pensei que ela estivesse viva”, revela.
E o sobrenome de Antônio, igual ao de Carmem (Miranda), não é coincidência e pode explicar a ligação do artista plástico com ela. Por meio de pesquisas em documentos da família, ele descobriu que o bisavô dele, de nome Benevenuto Procópio Miranda, era um imigrante Português, e de acordo com a documentação, ele nasceu na mesma cidade em que a Pequena Notável tinha nascido (Marco de Canaveses).
A exposição fica em cartaz até 31 de maio e vale a pena visitar e aproveitar para conversar com Antônio Miranda.
ELKE, A MULHER MARAVILHA
Ela nasceu alemã, em Leutkirch, com o nome de Elke Grünupp, veio para o Brasil aos 4 anos, ficou famosa como jurada em programas de televisão do Chacrinha e Silvio Santos. Foi ainda modelo, atriz e apresentadora. Morreu em 2016, aos 71 anos.
Consta na biografia de Elke Maravilha, figura polêmica, andrógina e exuberante, que ela foi apátrida, presa política durante a ditadura militar e uma das primeiras mulheres famosas a falar em público, no Brasil, que havia realizado um aborto. Ela levou para as tardes na TV debates improváveis para a época e lugar, tais como o racismo e a homossexualidade,
Em São Luís, está em cartaz no Centro Cultural Vale Maranhão (CCVM), a exposição inédita: ELKE. Com curadoria de Gabriel Gutierrez e Ubiratã Trindade, pra quem quer sentir a energia de Elke de perto, pra contar de certo.
A mostra reúne mais de 250 peças, entre elas, fotos inéditas, indumentárias, perucas, acessórios, vídeos e acervo pessoal de uma das mais emblemáticas artistas do Brasil. “Da criação estética explícita de Elke, nasce uma ética construída para dar luz a tudo que pudesse ter um significado. Esta exposição é um tributo a essa visão, focada em Elke enquanto artista e pensadora. Elke propôs uma forma de estar no mundo única”, explica Gabriel Gutierrez. E continua: “Para além, compartilhou e esclareceu de forma generosa seu pensamento sobre temas diversos como a morte, o masculino e o feminino, o papel da comunicação de massa e a criação estética para quem quisesse ouvir. Elke colocava a percepção das coisas de cabeça para baixo, e assumia o lugar de farol, já que se expressava sobre assuntos que, em sua época, eram considerados tabus”, conclui Gabriel.
ELKE fica em cartaz no CCVM, de terça a sábado, das 10h às 19h, até o dia 30 de setembro. E, em breve, estará disponível para todo o Brasil por meio de um tour virtual aqui no site do CCVM.