domingo, 22 de dezembro de 2024

Personagens nossos de cada dia

No meu guarda-roupa abarrotado de imaginação, guardo espaço especial para uma infinidade de personagens, que me vestem em cada momento da vida. Em cada fase, em cada atitude e sentimento sempre tem uma que vem me caindo bem.

Quando eu era menina, tinha certeza que eu era a Carina Limeira Brandão, personagem de Elizabeth Savala, aquela bailarina da novela global Pai Herói, lembram? Eu dançava com meu tutu imaginário na sala de tevê. Bons tempos em que eu ainda era bailarina da academia do saudoso bailarino e coreógrafo maranhense, falecido em 2003, Reynaldo Faray, e sonhava em dançar com o bailarino russo-americano Mikhail Baryshnikov. 

Mas confesso que, alguns anos depois, eu tinha me tornado muito mais Alexandra Owens, de Flashdance, do que qualquer outra coisa! 

Na adolescência foi Andréa Beltrão, na pele de Zelda Scott, do seriado Armação Ilimitada, da TV Globo, que pontuou meu amor pela Comunicação. Eu me vestia dela com tanta empolgação! Decidida, livre, independente!

Teve uma época em que eu era chegada numa açãozinha básica. Eu fui a Kelly Garrett, interpretada por Jacklyn Smith, aquela bela da Agência de Detetives Towsend, do primeiro trio das Charlie’s Angel. A pantera foi tão importante pra mim que coloquei o nome da personagem na minha cachorrinha vira-lata misturada com pequinês, que tive na infância. A cadela tinha um par, também vira-lata, que se chamava Sherlock, em alusão ao detetive Holmes (!). Na linha, eu fui ainda a policial ruiva Kate Mahoney, de A Dama de Ouro. E pode ter até quem conteste, mas essas personagens mostram, para meninas inseguras como eu fui, que a mulher tem força.

Mas sempre fui essencialmente um docinho, romântica que só eu mesma e nada, absolutamente nada, paga meus dias de sessão da tarde dos anos 80. Eu tive meus momentos de Andie Walsh, a Garota de Rosa Shocking. Adoravelmente boba e adocicada, mas espiando de longe as loucuras de Bete Balanço personagem de Débora Block, no cinema, que vivia no mundo rock’n’roll.

Na década de 80, fui ainda a Maria Zilda, na pele da femme fatale Verônica, em Vereda Tropical, de 1984, só não tinha o inseparável cigarro, com a marca de batom, porque até o arquear de sobrancelhas “herdei” dela, e até hoje uso!

Nos idos anos 90, mais precisamente em 99, assisti à bela Rita Hayworth interpretando Gilda, um filme que data de 1946, ousado e sensual demais para a época, mas que ficou marcado na vida da atriz, tanto que ela chegou a dizer que todos os homens que conheceu se apaixonaram por Gilda, mas acordavam com ela! Bom, quanto a mim, a personagem me marcou tanto que uma época decidi virar ruiva por causa dela!

O fato é que sou muitas vezes tão desengonçada quanto a policial Gracie Hart, interpretada por Sandra Bullock, em Miss Simpatia I e mais despojada que Annie Golden no musical setentista hippie Hair.

Ultimamente tenho dias de princesa Fiona, de Sherek, mas só que depois do pôr do sol! E fui tanto e por tantas vezes repetidas a Celine, personagem de Julie Delpy em Antes do amanhecer e Antes do pôr do sol que chegava a doer!

Mas, sem sombra de dúvidas, já vesti as loucas de Desperate Housewives, cada uma delas: tenho os dramas de Susan Mayer (Teri Hatcher), as neuras de Lynett Scavo (Felicity Huffman), sempre entre fraldas, filhos, cozinha, etc, tenho a loucura de Bree Van De Kamp (Marcia Cross) e vez por outra tenho dias da sexy ex-modelo Gabrielle Solis (Eva Longoria).

Nos dias mais darks, já fui até a Ravena do desenho Jovens Titãs, personagem que tenho que disputar com minhas filhas em casa. E por falar nas minhas crias, por conta delas sou a Florzinha das Meninas Superpoderosas, também, só pra formar o trio! E já que mencionei meu ser mãe, tenho um quê da Lorelai Gilmore da série da Warner Gilmore Girls, aquele seriado onde Lauren Graham ( Lorelai) e Alexis Bledel ( Rory) estão mais pra duas amigas do que para mãe e filha.

Vez por outra sou Anne de Green Gables, sua verborragia e capacidade pra criar um mundo imaginário, se reinventar e ser resiliente. Vez em quando, me visto de Clara, personagem de Sônia Braga no filme Aquarius, me apossando de sua resistência e persistência, sendo fiel ao seu mundo e àquilo que acredita mesmo que tenha que ir contra todo.

O certo é que as personagens me povoam, me fortalecem, me acolhem, me conduzem e me traduzem. Uso-as e guardo-as, são minhas referências, além dessas que citadas no texto, tenho uma multidão que me acompanha. Coleciono-as, não dispenso nenhuma delas, chega a um ponto onde nós nos confundimos, em que sou mais elas que eu mesma! E eu adoro isso!

Anne Glauce Freire

É Comunicóloga e Terapeuta Integrativa, com foco em Reiki Tradicional Usui.

Pode encontrá-la no Instagram: @positivaravida e @anneglaucefreire

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