A turbulenta relação entre Roberto Carlos e Tim Maia começou a ganhar novos contornos quando a Globo exibiu uma versão editada do filme sobre o Síndico, na última quinta-feira, 1º de janeiro.
Os cantores, que moravam no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro, foram amigos na adolescência e chegaram a montar a banda The Sputniks, antes de seguirem carreiras solo. Roberto, porém, atingiu o sucesso antes de Tim, mas possivelmente nunca deu uma força para o colega. Na versão cinematográfica da produção, esse traço da personalidade do Rei é explorada, mas na edição televisiva a emissora diminuiu o antagonismo e a falta de cooperação de Roberto.
A modificação incomodou os telespectadores, que criticaram o canal nas redes sociais. Até mesmo o diretor do filme, Mauro Lima, chegou a alfinetar a Globo no Twitter, mas depois se arrependeu e fez uma réplica.
O cantor Fábio, que no filme é interpretado por Cauã Raymond e ganha o pseudônimo de Fabiano, diz que de fato Roberto Carlos jamais deu uma força a Tim.
— Quem auxiliou Tim no início foram Elis Regina e Wilson Simonal. Roberto Carlos nunca fez nenhum esforço para ajudar o amigo que cresceu com ele na Tijuca. Até a esposa dele na época, Nice, dizia para dar uma força pro Tim, mas o cara não ligava. Ele e Erasmo sempre foram muito competitivos, agiam como atletas fazendo música.
Fábio diz que Roberto chegou a tentar prejudicar até sua carreira de cantor. Fabio era um dos maiores galãs da música pop brasileira no fim dos anos 60 e tentou fazer parte do movimento Jovem Guarda, mas o Rei impediu essa aproximação.
— O Roberto morria de medo que eu fizesse sucesso, porque, modéstia à parte, eu era muito mais bonito que ele e minhas letras e músicas são mais rebuscadas. O cara mal sabe fazer um dó no violão. Minhas harmonias têm acordes diminutos. Tudo que ameaça o reinado do Roberto é cortado. Estou adorando essa repercussão, porque faz justiça à história verdadeira.
