E lá se vão dois anos sem a batucada dos Fuzileiros da Fuzarca descendo a Madre Deus em cortejo histórico, rapá são mais de 80 anos, e a Bandida hein? Não deu as caras, bandida! Ninguém botou pra Moer no novo e bombado circuito a beira mar, nem o Bicho da Serpentina ousou sair da Casinha da Roça.
O bloco sujo da pandemia tá na rua e quanto a isso não adianta botar a máscara somente, muito menos tirar, é preciso medidas necessárias, duras, mas necessárias, para o folião não perder a alegria no salão da vida. Digo, pelo menos oficialmente não.
A periferia tem bancado a folia, quem pode culpa-los pela liberdade?
E sendo assim, Momo encontra-se com Baco, com chave e vinho, nos clubes fechados também, casas de eventos, nos bairros e bares, mesmo sem passar na passarela e sem holofotes, a escola aprende outro samba, um silêncio barulhento que vem da inevitável vontade de brincar inebriados pelo allah-la-ô das três doses de vacina.
Uma ala vai pra concentração, outra abre alas pelo desejo incontrolável de ser carne e coração em meio aos perigos do novo enredo pandêmico.
Há, o carnaval, tem mais acabou para os blocos tradicionais mais um ano, um vírus roeu a roupa do Príncipe de Roma e bebeu o sangue dos Vampiros, as variantes que são Os Feras, Tremendões Liberais, destronaram até os Reis da Liberdade. Que Turma do Saco essas variantes hein?!
A Favela sem Samba é mesmo uma Turma do Quinto dos infernos, a gente fica esperando uma luz no fim do Túnel do Sacavém, Unidos e mantendo distanciamento de Fátima, cantando Marambaia na cabeça de qualquer marujo com medo do sobe e desce da maré dos infectados.
Ai como eu queria fazer da ilha do amor um espaço no qual o cotidiano de trabalho, deveres e afazeres tornam-se, temporariamente, esquecidos enquanto a Deodoro colore confete de singularidades, de instrumentos artesanais, de tantos tempos até os dias atuais, sem medo do fofão e de sua boneca na mão.
Ê, ela não vem, a máquina, não descasca alho de novo toda hora, nem parece aquele avião e meu coração não vai explodir.
É doutor, eu não me engano, eu tenho ciência disso, foram tantos Jegue sem Folia que deixaram a terra chata, o carnaval? tem mais acabou ao menos em 2022, mais uma vez, mas, deixa estar, ano que vem eu vou até de bicicletinha pra essa samba, só sei que cedo ou tarde o som do tambor vai ecoar pra conquistar seu coração, enquanto isso não se esqueça de mim, não desapareça, eu sou aquele pierrot que te abraçou e te beijou, meu amor, no carnaval, que tem, mas acabou.
Beto Ehong