No dia em que vieram à tona depoimentos que envolvem o PT em esquema de corrupção na Petrobras, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva saiu em defesa do partido durante ato político para alavancar a campanha da presidente Dilma Rousseff (PT) em São Paulo. Lula dedicou quase todo seu discurso para criticar o projeto político do PSDB e fez críticas diretas ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
— Temos que provar a nós mesmo que nenhuma denúncia de corrupção pode abaixar a cabeça de um petista. Porque se têm uns que cometem erros, tem milhões que não cometem erros. Não podemos admitir que um tucano bicudo venha chamar a gente de corrupto. Nós não podemos aceitar que façam adesivo “Fora PT”, “Fora Dilma”. Nós não queremos eles fora, nós queremos é derrotá-los aqui dentro.
Depoimentos do doleiro Alberto Youssef e do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa que se tornaram públicos nesta quinta-feira (9) acusam os partidos PT, PP e PMDB de receberem parte do dinheiro desviado da estatal. Sem citar essas denúncias, Lula disse que está de “saco cheio” do comportamento da imprensa quando surgem casos semelhantes.
— Todo ano é sempre o mesmo cenário. Eles começam a levantar denúncias que não precisam ser provadas. É só insinuar. Quando insinua, a imprensa dá destaque. As revistas publicam e a televisão divulga. Ninguém tem que provar nada, é só insinuar. Queria dizer que já estou de saco cheio, é todo ano o mesmo burburinho. Daqui a pouco estarão investigando como é que nós estávamos dentro do ventre da nossa mãe.
A declaração de Fernando Henrique de as pessoas que votam no PT são menos informadas apareceu no discurso de todos os petistas que foram ao microfone durante a plenária, que reuniu centenas de militantes no centro da capital. Lula trouxe o ex-presidente ao centro do debate fazendo críticas diretas à gestão do tucano à frente do governo federal.
— Aquilo não é um pensamento dele, é uma cultura deles. É uma cultura de dizer que quem não vota neles é mais burro do que quem vota. Dizer que quem vota neles são os sabidos e quem vota na gente são os ignorantes. Ele não falou apenas do Nordeste e do Norte. Ele falou da periferia de São Paulo, do Rio de Janeiro, de Belo Horizonte. E falou do Nordeste, sobretudo, porque, na cabeça dele, o Nordeste e a periferia ainda são como no tempo em que ele era Presidente da República.
Segundo o petista, esta campanha não é uma oposição entre Dilma Rousseff e Aécio Neves, mas entre duas propostas de País. O projeto do País do PT representaria, no discurso de Lula, a sociedade do futuro e o dos tucanos, o “velho travestido de novo”, o retrocesso a ideias que não deram certo.
— Nós temos que mostrar, em alto em bom som, o que aconteceu no governo deles e antes deles, porque não é apenas o FHC, vem de antes dele. O povo era tratado como se fosse estatística, um número. Para nós, o povo é a sociedade brasileira, que tem que ser tratada com dignidade.
Pesquisa
Antes do discurso Lula, o coordenador da campanha Dilma e presidente nacional no partido, Rui Falcão, reforçou a necessidade de aumentar a votação da presidente no Estado.
— A eleição se decide no Estado de São Paulo e na capital de São Paulo. E vamos combinar que nós não fomos bem na capital. E não se trata de culpar ninguém. Se trata de buscar as razões disso e buscar reverter.
Falcão também comentou as pesquisas Datafolha e Ibope, divulgadas nesta quinta-feira, que apontam Aécio Neves dois pontos à frente da petista.
— Não nos abalemos. A onda que se fez na última semana era para colocar ele (Aécio) dez pontos na frente. Vocês sabem que os institutos já erraram bastante na reta final e nós não vamos nos importar nem por ele estar dois pontos na frente, nem se passarmos dois pontos na frente.
