sexta-feira, 26 de abril de 2024

Um “tempo” de implosão de significados

foto: Geraldo Iensen

Numa entrevista recente, perguntaram ao físico cosmologista italiano Carlo Rovelli “qual é o sentido da vida”. Pergunta sem resposta e das mais fáceis de responder: “a rica combinação de necessidades, desejos, aspirações, ambições, ideais, paixões, amor e entusiasmo, que surgem em várias medidas e em diferentes versões naturalmente de dentro de nós. A vida é uma explosão de significado”, definiu Rovelli.

Essa “explosão de significados”, expressão rica em alteridade, que poderia servir de base para o nosso Brasil Mutinacional, justo, livre, inclusivo; isso depois de extirpadas dezenas de manifestações bárbaras e proposições neolíticas; justamente presas neste tempo que Rovelli questiona e nos insufla a mudar de paradigmas: olhar ao mesmo tempo pra dentro e pra fora; o quântico e o cósmico.  

Mas, antes de tudo, o que vemos é uma explosão de mentiras, de premissas falsas (buscando conclusões benéficas). Um silo de comunicação lixo, um acinte à ética jornalística; mais ainda, atuações imorais perante toda e qualquer referência à tolerância de expressão de ideias e valores. Talvez aqui, tenhamos uma implosão dos significados.

Vale-tudo. Nestes tempos de pancadaria, de MMA, onde cuspir na cara do adversário, ameaçar os filhos, a família, plantar a discórdia (ou a cizânia…), introduzir a traição são estratégias válidas dentro do octógono da disputa eleitoral e da construção moral dos coabitantes do ambiente.

Se formos julgar pela própria referência deles, pelos próprios valores deles, de quase todos que estão na disputa, aquilo que pregam como bem maior e referência geral: Deus!, este é o que mais tem seu nome espalhado em vão.

Sendo eles homens de fé, e abençoados pregadores da palavra de Deus, uma vez que Deus estando com um, estaria com todos (o que, aliás, é um dos poderes de Deus), teríamos o primeiro empate.

Ou seriam, no fundo, e em geral, homens de pouca ou nenhuma fé? E sim de muitas mentiras e falsidades e aleivosidades e injúrias que significam apenas a multiplicação das quimeras nacionais? Aquele “sal que não salga” de Padre Antônio Vieira.

Ou temos um quadro de egocentrismo, centralismo, dominação e ganância que faz o dragão sanguinário acreditar que é ave do paraíso? Este é o ponto. Estes são os homens que nos cercam, ora, nos representam na política e nos poderes em geral: uma pilha de ego. E muitos egos construídos sobre o mais frequente dos distúrbios: a psicopatia.

Se fossem três nossos postulantes, poderíamos nomeá-los Caio Júlio, Pompeu e Crasso, sendo a liderança exercida por este último. Se a História, a Física e a Filosofia nos seus rigores lógicos e científicos não são suficientes, a esperança que sobra é a poesia. Que “tempo” é este, meu caro Rovelli?

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